slime à venda que é perigoso para as crianças, alerta a Deco

A Deco já denunciou a situação à ASAE, depois de o alerta ter surgido no Sistema Europeu de Alerta Rápido. Os dois produtos que chumbaram no teste da Deco são o Poopsie Slime Surprise e o Slime Intergalactic SLI0010.

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A batedeira industrial da SlimePT ANDREIA PATRIARCA
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Paulo Pimenta

A Deco alertou nesta quarta-feira e que há à venda slime — uma massa de modelar viscosa — que é perigoso para as crianças, tendo já denunciado a situação à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

O alerta foi dado pelo Safety Gate — Sistema Europeu de Alerta Rápido sobre produtos perigosos não alimentares, e a retirada de produtos das prateleiras das lojas por conterem boro em excesso levou a Associação de Defesa do Consumidor a investigar o slime.

Usado para dar a consistência gelatinosa, elástica e resistente ao slime, o boro é uma substância sem cor nem cheiro que, acima de determinados valores, está classificada na Europa como tóxica para a reprodução e irritante em caso de inalação ou ingestão ou em contacto com os olhos. A ingestão pode causar diarreia, náuseas, fadiga, vómitos e cãibras.

A Deco comprou oito produtos e enviou-os para um laboratório especializado na avaliação da segurança química, tendo concluído que, das oito marcas testadas, cinco revelaram-se seguras.

“Pedimos que pesquisassem e quantificassem 19 elementos potencialmente perigosos, como ftalatos, solventes, estanho, crómio e boro, para saber se estavam presentes em quantidades acima do permitido, que pudessem colocar em risco a saúde das crianças, por contacto, inalação ou ingestão”, refere a Deco num artigo que vai ser publicado na edição de Junho da revista Proteste.

Tal como ocorreu noutros países, foram descobertos dois produtos com boro em excesso (Poopsie Slime Surprise e Slime Intergalactic SLI0010) e outro com valores próximos do limite máximo (Nickelodeon Slime Super Stretchy), diz a Deco, adiantando que os resultados já foram denunciados à ASAE.

A associação salienta que, além do slime que se compra, há o que se pode fazer em casa, existindo “milhares de vídeos na Internet com crianças a preparar a substância viscosa”.

As receitas incluem ingredientes vários como cola branca, espuma de barbear, gel de banho, corantes, brilhantes e ácido bórico, sendo que as alternativas passam por líquido para lentes de contacto (lágrima artificial) ou detergente.

“Perguntámos numa farmácia se há procura pelo ácido bórico e, assim que o fizemos, quiseram saber se íamos fazer slime. Disseram-nos ainda que, dada a procura recente por esta substância, costumam ter várias embalagens na farmácia”, adianta a Deco.

A associação refere que “o pior foi ler advertências nas embalagens” como “pode afectar a fertilidade”, “conservar em local fechado” ou “usar equipamento de protecção” e ao mesmo tempo verificar-se que nos vídeos não se vê qualquer equipamento de protecção.

“Outro perigo é a mistura de substâncias químicas sem qualquer conhecimento e sem indicação concreta das quantidades a considerar”, adverte.

Dada a popularidade desta pasta e a facilidade com que as crianças conseguem aceder a vários ingredientes, que, sem precauções e misturados aleatoriamente, se podem tornar perigosos, a associação deixa algumas recomendações, como as receitas caseiras serem supervisionadas por adultos, as crianças não deverem comer ou beber enquanto fazem o slime e lavarem as mãos no final.

A Deco aconselha ainda a guardar o slime num local fechado e a conservar a embalagem original, para saber a quem reclamar em caso de problemas.

Como o slime entra na categoria dos brinquedos, a Deco defende que deve respeitar os requisitos fixados na directiva europeia sobre segurança destes produtos.

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