Menezes desafia PS a trazer Constâncio e Seguro para a campanha, Rangel acusa Costa de ter duas caras

Num almoço-comício em Tondela, o antigo presidente social-democrata fez um discurso a puxar pelo partido, dizendo que, se não houvesse manipulações da realidade, o PSD teria no domingo “uma vitória esmagadora”.

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Antes do almoço com Menezes, Rangel visitou o Centro de Meios Aéreos, em Santa Comba Dão LUSA/TIAGO PETINGA

O social-democrata Luís Filipe Menezes, que já presidiu ao PSD, desafiou esta quarta-feira o PS a trazer Vítor Constâncio e António José Seguro para a recta final da campanha para as europeias. E declarou que, “se não fossem manipulações da realidade”, o PSD teria no domingo “uma vitória esmagadora”.

“Eu sugiro ao dr. Costa e a Ana Catarina Mendes que tragam dois ex-líderes do PS para a campanha para mostrar a unidade [do partido] e, por outro lado, para mostrar que não têm nada a esconder. Um chama-se Vítor Constâncio e outro António José Seguro”, declarou Luís Filipe Menezes, num almoço-comício com militantes e simpatizantes do PSD em Tondela.

Vítor Constâncio é aquele senhor que é o responsável número um pelo descalabro do descontrolo do sistema financeiro em Portugal, que arruinou a vida de milhares e milhares de portugueses. E podem trazer também uma pessoa que está particularmente desocupada, que é uma pessoa enxuta, que é boa pessoa, que teve um único problema: ganhou eleições, ao contrário do dr. Costa, que é o dr. António José Seguro”, defendeu o antigo líder social-democrata.

A quatro dias das eleições europeias, Menezes entrou na campanha para dar o seu apoio ao candidato Paulo Rangel, sendo o terceiro líder do partido a juntar-se à caravana social-democrata, depois de Pedro Passos Coelho e Manuela Ferreira Leite.

Num discurso muito aplaudido, o ex-presidente da Câmara de Gaia provocou uma grande gargalhada na sala quando comparou Paulo Rangel a Pedro Marques. “Comparar o nosso cabeça de lista ao cabeça de lista do PS é a mesma coisa que comparar um Ferrari a um calhambeque todo arrombado, a arrastar-se e a ser empurrado para conseguir andar meio metro.”

O antigo presidente do PSD, que passou uma mensagem de esperança ao partido, tentou capitalizar politicamente a estratégia de António Costa e do PS de nacionalização da campanha das europeias, afirmando que essa estratégia “até pode ser útil” e recomendou que tragam para a campanha mais antigos presidentes do PS.

“Do PS não exijo que venham o engenheiro [António] Guterres, da mesma maneira que não faria sentido Durão Barroso vir, mas o PS tem ex-líderes livres para vir, podem dar o exemplo que estamos a dar”. Na quinta-feira, Francisco Pinto Balsemão vai juntar-se a Paulo Rangel, em Lisboa, no penúltimo dia da campanha.

António Costa tem duas caras

O cabeça de lista do PSD às europeias cavalgou, a seguir, a onda de Menezes de que a vitória é possível e pediu aos militantes para não desistirem e para não desmobilizarem. A nível europeu, acusou Costa de “piscar o olho aos liberais numa lógica eleitoral”. “António Costa tem duas caras: uma em Lisboa e outra na Europa”, acusou.

Na primeira acção de campanha desta quarta-feira, Paulo Rangel regressou ao tema dos incêndios para uma vez mais responsabilizar o Governo por, em plena época de fogos, não ter meios aéreos suficientes para os combater e aproveitou para denunciar que há “três helicópteros selados e depositados” no Centro de Meios Aéreos de Santa Comba Dão por “negligência do executivo”.

 “Existem aqui selados e depositados três helicópteros que estão parados e que deviam estar ao serviço, mas que por falhas burocráticas, procedimentais e negligência ao longo destes anos o Governo não foi capaz, depois de 2017, de chegar à abertura da época de incêndios com todos os meios disponíveis. Eles estão aqui mas não podem ser utilizados”, revelou o eurodeputado no final da visita ao Centro de Meios Aéreos.

A propósito de incêndios, Paulo Rangel puxou pelos galões para dizer que o PSD teve responsabilidades na criação do mecanismo europeu de protecção civil, que terá meios aéreos para catástrofes naturais disponíveis a partir do mês de Junho.

Oficializado na terça-feira, o novo mecanismo europeu de protecção civil irá permitir, segundo o eurodeputado, “maior rapidez” na disponibilização de meios e até “poupanças económicas”.

“Obviamente, a ideia não é exclusivamente nossa, mas, se não fosse o nosso pontapé de saída, não estaríamos onde estamos hoje, chegando a Junho de 2019 com um conjunto de meios europeus à disposição dos Estados nacionais para combater catástrofes”, defendeu, apontando que a ideia nasce de uma intervenção sua no debate do Estado da União, em Setembro de 2017, na sequência dos incêndios de Pedrógão Grande.

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