Não é só Greta: o retrato de uma geração que luta pelo clima para evitar “o fim do mundo”

Empresas responsáveis por 70% das emissões poluentes: 100. Adolescentes a protestar em todo o mundo: 1,6 milhões. Tempo para salvar o planeta: 12 anos. "Isto é uma emergência." Avisa-o a revista britânica Dazed, no documentário A Future World, protagonizado por Greta Thunberg e outros jovens activistas pelo clima que durante dez minutos explicam o que os motivou a iniciar os protestos e as greves às aulas durante os últimos nove meses. A explicação pode ser simples: "Já que os adultos não querem saber do meu futuro, eu também não quero. Por isso, vou faltar às aulas por causa das alterações climáticas", atira a activista sueca nomeada para o Nobel da Paz que começou o movimento sozinha — todas as sextas-feiras em frente ao Parlamento — mas entretanto viu milhões de adolescentes de todo o mundo juntarem-se a ela. Greta explica também o que a fez começar a luta pelo ambiente: quando tinha "oito ou nove anos", viu imagens e vídeos sobre a crise climática e os plásticos no oceano. E nunca mais conseguiu "tirar as imagens da cabeça".

Esta sexta-feira, há um novo protesto marcado em mais de 100 países — Portugal incluído. O que os assusta? A possibilidade de não terem, literalmente, futuro. O documentário cita a escritora americana Rebecca Solnit para propôr que se altere a forma como a história é contada: "Chamar as coisas pelo nome acaba com as mentiras que desculpam, amenizam, confundem, disfarçam, evitam ou encorajam a inacção, indiferença e alienação." Por isso, os activistas sugerem que se troque a expressão "alterações climáticas" por qualquer uma das seguintes opções: "Crise climática", "emergência climática", "emergência de catástrofe", "morte do planeta" ou até doomsday (algo como "o fim do mundo", em português). Definições que, aliás, o Guardian já está a aplicar.

Para além das manifestações e das dificuldades que enfrentam ao lutar pela causa, o documentário mostra também conversas virtuais entre os activistas, onde são partilhadas inquietações e traçados planos de acção. É o retrato de uma geração que quer usar a voz para salvar o planeta — antes do doomsday