Demissão no Governo deixa May presa por um fio

Vários deputados conservadores disseram nesta quarta-feira que a primeira-ministra chegou “ao fim da linha” e deve demitir-se imediatamente.

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Andrea Leadsom HANNAH MCKAY/Reuters

A líder da bancada do Partido Conservador britânico na Câmara dos Comuns, Andrea Leadsom, demitiu-se porque, explicou, não acredita na abordagem da equipa de Theresa May para o “Brexit”. Downing Street “​lamentou” a decisão, mas diz que a primeira-ministra britância continua focada em cumprir o resultado do referendo.

“Leadsom serviu distinção e habilidade, (...) estamos desapontados com a sua demissão e a primeira-ministra continua focada em cumprir o ‘Brexit’ que as pessoas votaram”, comunicou um porta-voz do Governo.

Leadsom tem assento no Conselho de Ministros e a sua demissão corta o canal de comunicação entre May e o Parlamento. Sem este cargo ocupado, a primeira-ministra não tem, neste momento, como levar a votação, pela quarta vez, a sua nova proposta para a saída do Reino Unido da União Europeia, que queria ver votada no início de Junho.

Para além disso, face ao cenário de total isolamento no Partido Conservador, será bastante difícil para May escolher uma nova pessoa a tempo da votação.

A demissão de Leadsom é um enorme revés para Theresa May no dia em que vários deputados disseram que a primeira-ministra chegou “ao fim da linha” e deve demitir-se imediatamente.

Esta pressão para o afastamento de May - que já se comprometera a afastar-se depois da votação, fosse qual fosse o resultado - surge depois de a primeira-ministra ter oferecido aos deputados a possibilidade de votarem por um segundo referendo mediante a aprovação da nova versão do seu acordo (que contemplará uma união aduaneira temporária para mercadorias no pós-"Brexit”. 

Na carta que escreveu a May, Leadsom diz que "o Reino Unido não será verdadeiramente soberano com o acordo que é agora proposto”. Diz que outro referendo é “perigosamente divisivo” e que é contra “a vontade do Governo facilitar esta concessão”.

Um segundo referendo, diz, “pode pôr em causa a nossa União, uma coisa que eu quero ardentemente ver fortalecida”.

Ataca também a quebra “do processo governativo” dizendo que a legislação sobre o “Brexit” não foi “devidamente escrutinada”.

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