Ilha da Berlenga com limite de 550 visitantes por dia

Um estudo da Universidade Nova de Lisboa concluiu que visitam anualmente a ilha da Berlenga mais de 65 mil pessoas, das quais cerca de 43 mil na época alta. Limite diário de 550 visitantes em vigor a partir de 23 de Maio.

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A ilha das Berlenga, ao largo de Peniche, passa a ter um limite diário de 550 visitantes em simultâneo a partir desta quinta-feira, de acordo com uma portaria publicada esta quarta-feira em Diário da República.

“A capacidade de carga humana na área terrestre da ilha da Berlenga é fixada até ao limite máximo de 550 pessoas em simultâneo”, excluindo residentes sazonais habituais, prestadores de serviços e representantes das entidades oficiais com jurisdição na Reserva Natural das Berlengas, determina a portaria assinada pela secretária de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Célia Ramos.

O limite máximo de visitantes justifica-se pela existência de espécies e “habitats” naturais “sensíveis” e a pequena dimensão terrestre do arquipélago, que obriga a haver condicionantes de segurança das pessoas e serviços de apoio em funcionamento, explica a portaria.

A imposição de um limite decorreu também de estudos científicos e já estava prevista no regulamento do Plano de Ordenamento da Reserva, em vigor desde 2008, mas nunca chegou a ser fixada.

Segundo a portaria, um grupo de trabalho está a elaborar, até ao fim deste mês, uma nova proposta de regulamento para regular o controlo de pessoas presentes na reserva natural, fazendo o balanço entre as que pernoitam a ilha, as que visitam a parte terrestre e as que desenvolvem actividade na área marinha do arquipélago.

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Paulo Pimenta
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João Henriques
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Enric Vives-Rubio

A Associação de Operadores Marítimo-Turísticos de Peniche, que representa metade das 24 embarcações existentes, concorda com a fixação de um limite. “Houve embarcações que chegavam a fazer nove viagens por dia às Berlengas”, justificou à Lusa o seu presidente, José Manuel Fernandes, adiantando que as novas regras vão permitir “prestar um melhor serviço e melhor preservar” aquela reserva natural.

“Concordo que haja um limite. Haver 1.200 pessoas na ilha é insustentável, porque não conseguem estender uma toalha na praia ou ir ao restaurante” por falta de espaço, além da poluição marítima causada pelas embarcações, corroborou à Lusa Sérgio Ferreira, proprietário do novo catamarã, com capacidade para 90 passageiros, que passou este ano a operar.

Ainda assim, os operadores marítimo-turísticos defendiam um limite maior, entre os 570 e os 600 visitantes em simultâneo, fazendo contas ao número de turistas que as 24 embarcações transportam nas duas viagens diárias a que estão autorizadas. Com uma capacidade máxima de 550, haverá turistas e barcos a ficarem em terra, avisaram, mas isso não vai colocar em causa a sustentabilidade financeira das empresas.

Pelo Tejo abaixo, com as Berlengas à vista

Um estudo da Universidade Nova de Lisboa concluiu que visitam anualmente a ilha da Berlenga mais de 65.650 pessoas, das quais 43.250 na época alta (meses de verão).

O arquipélago foi classificado em 2011 como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), tem estatuto de reserva natural desde 1981 e foi classificado como Zona de Protecção Especial para as Aves Selvagens em 1999.

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