Xi Jinping diz que a China tem de se “preparar para tempos difíceis”

Mensagem do presidente chinês surge no momento em que a guerra comercial e tecnológica com os EUA sobe de tom.

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Reuters/Jason Lee

No meio de um conflito comercial e tecnológico cada vez mais intenso com os Estados Unidos, o presidente chinês fez questão, esta quarta-feira, de deixar internamente um sinal de que o país pode vir a ter impactos negativos das pressões que estão a surgir do exterior.

“Temos de ultrapassar riscos e desafios de grande dimensão em casa e no exterior”, afirmou Xi Jinping, em comentários publicados nos meios de comunicação social públicos chineses, e citados pela agência Reuters. O presidente chinês fala da existência de “vários factores desfavoráveis de uma natureza complexa e de longo prazo” que podem afectar o desempenho da China. “O nosso país ainda está num período de importantes oportunidades estratégicas de desenvolvimento, mas a situação internacional é cada vez mais complicada”.

As declarações de Xi Jinping surgem dois dias depois do anúncio dos Estados Unidos de inclusão da Huawei, a fabricante de telemóveis que é o símbolo da ascensão tecnológica da China, na lista das empresas com restrições nas relações comerciais e tecnológicas com os EUA. Essa decisão da Casa Branca constituiu o passo mais recente num conflito que tem incluído, durante os últimos meses, a imposição de taxas alfandegárias mais elevadas entre os dois países e uma negociação longa entre Washington e Pequim para a obtenção de um acordo comercial que ainda não chegou a qualquer resultado positivo.

Os sinais de degradação da relação económica entre as duas potências continuaram esta quarta-feira com as notícias de que os EUA estão a ponderar incluir mais empresas chinesas na sua lista negra e de que as maiores companhias de aviação chinesas vão exigir à Boeing indemnizações avultadas pelas perdas provocadas pela suspensão dos voos do modelo 737 Max.

A economia chinesa tem vindo a pôr em prática, nos últimos anos, uma estratégia que passa por tornar a sua economia menos dependente das exportações para os EUA e a Europa, garantindo uma parte superior do seu crescimento por via da procura interna. Ao mesmo tempo, contudo, coloca em prática um plano de construção de infra-estruturas a nível mundial que coloque a China num lugar cada vez mais central no sistema de produção e comércio à escala global.

A estratégia agressiva de confronto adoptada pelos Estados Unidos a partir do momento em que Donald Trump foi eleito veio, no entanto, baralhar esta estratégia chinesa, retirando à China o tempo com que contava para proceder a estas mudanças.

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