Huawei passa ao lado das sanções dos EUA e lança novos modelos em Londres

EUA suspenderam medida por 90 dias. Bolsas reagiram em alta.

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George Zhao, presidente da Honor, focou-se nos aparelhos e ignorou a política Reuters/PETER NICHOLLS

Cumprindo o calendário, a Huawei revelou em Londres novos modelos de telemóveis da marca Honor, numa apresentação que foi seguida mais pelo anúncio do Google de que irá restringir o acesso da empresa ao Android do que pelas novidades dos aparelhos.

O evento, porém, não se desviou do guião, e o executivo da Honor apresentou os telemóveis sem abordar a questão das relações com as empresas americanas.

A apresentação em Londres seguiu-se à declaração por parte do Google de que deixará de ter relações comerciais com a Huawei, cumprindo assim uma ordem da administração de Donald Trump, que decidiu impedir as empresas americanas de fornecerem software, serviços ou produtos à Huawei.

As restrições assumidas pelo Google significam que os futuros telemóveis da multinacional chinesa ficarão sem serviços cruciais da empresa americana – como a loja de aplicações Google Play – e sem acesso à versão do sistema Android que o Google distribui aos parceiros. Ficar sem o Google Play impedirá os utilizadores de descarregarem aplicações como o WhatsApp e o Facebook, o que é um problema para a Huawei, especialmente na Europa.

Porém, os telemóveis já vendidos, bem como aqueles que ainda estão em stock, continuarão a ter pré-instalado o ecossistema Google – e é este também o caso dos três novos Honor agora apresentados: os Honor 20 Pro, o 20 e o 20 Lite (a Honor é uma sub-marca da Huawei, usada para telemóveis de preço mais reduzido).

Também nesta terça-feira, e após um dia de frenesim mediático sobre o impacto das sanções americanas à fabricante chinesa, os EUA anunciaram uma suspensão durante 90 dias das sanções. A medida estende-se a todas as empresas, mas o objectivo é que os operadores de telecomunicações que usam equipamentos da Huawei tenham tempo de se ajustar.

“A licença geral temporária dá aos operadores tempo para tomarem outras medidas e dá ao Departamento [do Comércio] margem para determinar as medidas de longo prazo apropriadas para os operadores de telecomunicações americanos e estrangeiros que actualmente usam equipamento da Huawei para serviços críticos”, afirmou, num comunicado, o secretário de Estado do Comércio dos EUA, Wilbur Ross.

A notícia foi bem recebida nas bolsas, com investidores e analistas a verem na suspensão alguma abertura por parte da administração Trump para encontrar uma situação que pelo menos não agrave as relações comerciais entre os EUA e a China. O índice tecnológico Nasdaq subia ao final desta tarde um pouco mais de 1%.

Por seu lado, o fundador da Huawei, Ren Zhengfe, afirmou à televisão estatal chinesa que o adiamento das sanções não tem grande impacto e que a multinacional se estava a preparar para um cenário de sanções americanas. “As actuais acções do governo dos EUA subestimam as nossas capacidades”, disse Zhengfe, segundo o jornal de língua inglesa South China Morning Post.

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