Michel Barnier: o negociador do “Brexit” não se conforma em ser um espectador da política

O diplomata francês defende que a UE tem de regressar à sua matriz de comunidade unida para confrontar os desafios e encontrar soluções.

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Michel Barnier OLIVIER HOSLET/EPA

Michel Barnier, o veterano político francês de 68 anos que já foi deputado, ministro em quatro governos franceses e duas vezes comissário europeu, insiste que não é candidato ao cargo ocupado por Jean-Claude Juncker, o homem que lhe confiou a tarefa de negociar a saída do Reino Unido da União Europeia em nome dos outros 27 Estados membros.

Mas a sucessão de viagens, contactos, discursos e editoriais políticos que o negociador do “Brexit” tem assinado nas últimas semanas em vários países, enquanto aguarda que os britânicos se decidam quanto à forma como pretendem deixar o bloco europeu (deal ou no deal, é a questão) está a dar força à especulação: nos corredores de Bruxelas, o seu nome é apresentado como a “solução de compromisso” do Partido Popular Europeu para manter em seu poder a chefia do executivo comunitário na próxima legislatura.

Num cenário de fragmentação do voto, e de maior concorrência entre as famílias políticas europeias para a nomeação dos dirigentes de topo das instituições europeias, o diplomata francês aparece como um líder credível e experiente, reconhecido pelo seu trabalho de unificação de todos os governos no decurso do processo de negociação do “Brexit”. Ao contrário de Manfred Weber, o cabeça de lista oficial do PPE, Barnier não tem anticorpos dentro do seu grupo político — nem no seio do Conselho Europeu, cujos líderes não lhe poupam elogios.

“Já disse que não sou candidato. O que tenho procurado fazer é, de acordo com o meu papel, e as minhas responsabilidades, envolver-me no debate público em curso nesta campanha eleitoral”, justifica-se Michel Barnier, que não esconde a sua preocupação com a perspectiva de um reforço das bancadas populistas e nacionalistas nos dois extremos do espectro político após em resultado da votação para o Parlamento Europeu.

Mas além de expôr os seus receios, nas suas últimas intervenções Barnier tem avançado as suas ideias para o futuro da União Europeia, defendendo por exemplo um novo “pacto verde” para combater as alterações climáticas. O seu apelo à acção parte da convicção de que a UE tem de regressar à sua matriz de comunidade unida para confrontar os desafios e encontrar soluções. “Em relação ao nosso futuro e ao nosso destino não podemos limitar-nos a esperar que algo aconteça”, sublinha, confessando que quando decidiu envolver-se na política foi para ser actor e não espectador.

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