Retrospectiva de Paula Rego a partir de 13 de Junho na britânica MK Gallery

Novo museu consagra exposição à pintora portuguesa em ano de abertura. Trabalhos inéditos numa mostra que inclui obras dos anos 1960 à actualidade.

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Anjo, uma das obras mais icónicas de Paula Rego NUNO FERREIRA SANTOS / PUBLICO

O trabalho da pintora portuguesa Paula Rego vai ser alvo de uma retrospectiva que inclui inéditos. A exposição vai ter por título Obedience and Defiance e será na novíssima MK Gallery, em Milton Keynes, a 70 km de Londres.

“De 13 de Junho a 22 de Setembro de 2019, mostrando trabalhos que abrangem toda a sua carreira desde a década de 1960, esta será, em 20 anos, a primeira grande retrospectiva do trabalho de Paula Rego, no Reino Unido”, lê-se no site do museu que foi inaugurado recentemente, citado pelo Camões — Instituto da Cooperação e da Língua, num comunicado hoje divulgado.

Obedience and Defiance (Obediência e Provocação, em tradução livre) inclui “pinturas inéditas e trabalhos em papel, da família da artista e amigos íntimos, que reflectem a perspectiva de Paula Rego como uma mulher imersa em questões sociais urgentes e assuntos actuais”. A selecção de trabalhos reflecte “os desafios morais para a humanidade”, destaca por sua vez a galeria, que recorda a abordagem “da violência, da discriminação de género e da opressão política” na obra da artista portuguesa.

“Há pinturas e gravuras relacionadas com o tráfico de crianças escravas no norte da África (1996-98), com o aborto (1998-2000) e com a mutilação genital feminina (2009)”, escreve a título de exemplo a MK Gallery no seu site. “Muitas das imagens reflectem as raízes portuguesas e o universo da infância da artista, e respondem também a assuntos actuais”, continua a galeria.

Depois de Londres a exposição seguirá para Edimburgo, onde vai ficar patente na Galeria Nacional de Arte Moderna da Escócia, e para Dublin, onde poderá ser vista no Museu Irlandês de Arte Moderna, tornando-se na "primeira retrospectiva da obra de Rego na Escócia e na Irlanda".

Obedience and Defiance terá um programa complementar, que inclui eventos, 15 filmes, performances e 15 concertos com artistas portugueses contemporâneos. “Os artistas deste programa representam a vasta gama de sons experimentais do passado e do presente do país, representando a diversidade e riqueza do panorama musical contemporâneo português: brilhante, não-conformista e prenhe de explorações musicais profundamente ‘cinematográficas'”, refere ainda o comunicado do Camões.

A abertura do programa complementar, a 15 de Junho, estará a cargo dos músicos Lula Pena e João Pais Filipe.

Nascida em Lisboa, em 1935, Paula Rego deixou Portugal ainda adolescente, durante a ditadura de Oliveira Salazar, para fazer os estudos na Slade School of Fine Art, em Londres, cidade onde se radicou e vive há mais de 50 anos.

Única artista mulher da chamada Escola de Londres, Paula Rego distinguiu-se por uma obra fortemente figurativa e literária, considerada incisiva e singular pela crítica de arte. Nessa época, Paula Rego conviveu com nomes de destaque da pintura como Francis Bacon, Lucian Freud, Frank Auerbach e David Hockney.

Foi também na Slade, onde frequentou o curso de pintura entre 1952 e 1956, que veio a conhecer o marido, o artista britânico Victor Willing (1928-1988).

Paula Rego foi distinguida em 2010 pela rainha Isabel II com o grau de Oficial da Ordem do Império Britânico, pela sua contribuição para as artes. Em 2016 foi-lhe atribuída a Medalha Municipal de Honra da Cidade de Lisboa.

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