PS dez pontos à frente do PSD e com vitória em todas as frentes

A sondagem da CESOP para o PÚBLICO e RTP estima que os socialistas atingem 33% dos votos válidos, contra 23% do PSD. O PS ganha em todas as faixas etárias e graus de escolaridade.

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António Costa e Pedro Marques já cantam vitória antecipada LUSA/GREGORIO CUNHA

Não seria uma vitória por “poucochinho”, como nas últimas europeias. Se as eleições tivessem sido no fim-de-semana passado, o PS teria alcançado uma vitória em toda a linha sobre os seus adversários: 33% de votos válidos, face aos 23% obtidos pelo PSD e muito à frente dos 9% do BE, 8% da CDU e do CDS-PP e dos 3% que conseguiriam o PAN e a Aliança. Uma vitória reforçada pela forma como o voto se distribui, já que teria ganho em todas as faixas etárias e graus de escolaridade (clique para ver a infografia).

A estimativa é do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa — CESOP/UCP para o PÚBLICO e a RTP, feita a partir de 1882 inquéritos e baseada apenas nas intenções de voto dos inquiridos que afirmaram ir votar “de certeza”. E foram 49% os inquiridos que garantiram que vão votar no próximo domingo.

Para estes, o PS surge como a lista que recolhe maior percentagem de intenção directa de voto (22%), mais 10 pontos percentuais que o PSD. Excluída a abstenção, as não-respostas e os indecisos — tal como acontece no apuramento dos votos —, a CESOP estima que os socialistas teriam uma percentagem de votos entre os 30 e os 36%, enquanto os sociais-democratas teriam entre 20 e 26%. A média dessa ponderação daria os tais 33% para os primeiros e 23% para os segundos.

Esta intenção de voto reforça-se se olharmos para a sua distribuição por faixas etárias e graus de escolaridade. O PS é o partido que recolhe, sozinho, mais avaliações positivas em todas as idades, ainda que seja menor nos mais jovens e vá aumentando a partir dos 45 anos. E é também nos socialistas que mais apostam os eleitores, seja os que não completaram o secundário, os que o completaram ou os que terminaram o ensino superior.

Com estes resultados, o PS obteria entre oito e nove mandatos para o parlamento europeu (em 2014 elegeu oito eurodeputados), enquanto o PSD poderá perder um lugar (tem hoje seis eurodeputados dos sete que elegeu em coligação com o CDS em 2014 e agora elegeria entre cinco e seis).

A maior diferença desde a remodelação

Esta é a primeira sondagem da CESOP para as eleições europeias, mas se olharmos para os resultados das diferentes sondagens para este acto eleitoral reveladas desde o início do ano, podemos sustentar algumas conclusões políticas. A primeira é factual: esta é a maior vantagem que os socialistas obtêm desde Fevereiro, quando um estudo de opinião da Aximage para o Correio da Manhã e Jornal de Negócios dava aos socialistas 10 pontos de vantagem sobre os social-democratas. Isso aconteceu antes da remodelação governamental em que o ministro Pedro Marques saiu do executivo para ser cabeça de lista do PS. Em Janeiro, essa diferença era ainda maior: segundo a mesma empresa, o PS ganhava por 15 pontos ao PSD.

Mas depois veio a remodelação e a polémica das nomeações familiares, e os social-democratas começaram a ganhar terreno. Na consulta mensal de Março da Aximage, os socialistas já só tinham uma vantagem na casa dos cinco pontos percentuais, e menos de um mês depois, a 30 de Março e 1 de Abril — no auge do “familygate —, essa diferença baixou para 2,6 pontos, ainda segundo a Aximage. Valores que foram confirmados pela sondagem de Abril da Pitagórica para o JN e TSF (30,3% para o PS e 28% para o PSD) e se manteve no estudo desse mês da Aximage (31,7% para o PS e 29% para o PSD)

As coisas começaram a mudar, outra vez a favor do PS, a partir de Abril, quando um estudo da Eurosondagem para o Sol e o Porto Canal feita nas vésperas da crise política já davam 34% para os socialistas e 27,1% para os social-democratas. Mas foi depois da ameaça de demissão de António Costa por causa do tempo de serviço dos professores que a diferença se acentuou, confirmando que o PS conseguiu, nesse conflito, o apoio da maioria dos portugueses. A afirmação da imagem de um partido responsável nas contas públicas terá sido essencial para ganhar votos ao centro.

O estudo de opinião do ICS/ISCTE para a SIC e o Expresso revelada no passado sábado dá já uma vantagem de oito pontos percentuais do PS (36%) sobre o PSD (28%). O trabalho de campo deste estudo ocorreu em plena crise política, mas antes do arranque da campanha eleitoral. Já a sondagem do CESOP que agora revelamos acontece em plena campanha, entre 16 e 19 de maio (sexta-feira, sábado e domingo passados). Numa análise livre, poderá dizer-se que tanto os socialistas como os social-democratas já perderam pontos durante a campanha — mas mesmo assim o PS perdeu menos que o PSD.

A disputa renhida dos partidos do meio

Muito diferente é a disputa entre os partidos do meio, aqueles que já têm assento no Parlamento Europeu (CDS, CDU, BE e MPT). Aqui, as intenções de voto são tão próximas (com uma ligeira vantagem para o BE), que pequenas variações podem determinar uma grande alteração ao panorama actual.

De acordo com a sondagem da CESOP, o BE seria o mais votado destes partidos, com 9% (6% de voto directo) e elegeria dois eurodeputados, enquanto a CDU e o CDS alcançariam 8% (3% de voto directo), elegendo os mesmos dois deputados cada.

Com estes resultados, na estimativa da CESOP, o BE e o CDS passariam de um para dois eleitos, enquanto a CDU perderia um dos três assentos que tem hoje. Já o MPT, que em 2014, em lista encabeçada por Marinho e Pinto, elegeu dois parlamentares, nem sequer tem expressão autónoma nesta sondagem, tal como não tem o novo partido daquele eurodeputado, o PDR.

As revelações nestas europeias podem vir a ser o PAN, com 3% de intenção directa de voto, e a Aliança, com 2%. A estimativa para estes dois partidos é também de 3%, ficando ambos muito próximos de eleger um eurodeputado — vai depender das médias ponderadas do Método de Hondt.

Muito curioso é notar que, quando se analisa a intenção directa dos votos por idade do inquirido, a maioria dos mais jovens (entre os 18 e os 24 anos) escolhem outros partidos que não os do sistema. Nesta faixa etária, 18% diz que vota em partidos que não os do cinco maiores, mais do que os 16% que têm intenção de votar no PS. Só que o número que mais se destaca nesta faixa etária é o dos que não sabem em quem votar: 21%. Também as mulheres têm uma percentagem considerável de indecisas: 18% não sabe em quem depositar a sua confiança, enquanto entre os homens há apenas 11% de indecisos.

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