Confusão com lesados do BES e segurança reforçada na ida de Costa à campanha socialista

“Tem de perguntar à PSP”, responde o primeiro-ministro sobre maior presença de seguranças. Alguns manifestantes acabaram por ser retirados pela PSP, apesar de um deles ter conseguido furar o cordão de segurança. Não houve detidos.

António Costa esteve na campanha
Fotogaleria
António Costa esteve na campanha LUSA/MIGUEL A. LOPES
Pedro Marques numa arruada
Fotogaleria
Pedro Marques numa arruada LUSA/MIGUEL A. LOPES

Estava tudo preparado para ser uma arruada em grande, com boa mobilização partidária de Coimbra e uma rua cheia de gente para fazer passar a mensagem com o primeiro-ministro ao lado. Mas a presença de António Costa não trouxe apenas o lado positivo à campanha de Pedro Marques: houve confusão com um grupo de lesados do BES; um professor a deixar o recado de voto negativo e queixas por atrasos na redução do preço dos passes sociais.

A confusão começou ainda antes de o primeiro-ministro chegar. Uma senhora de um pequeno grupo de lesados do BES, alguns de camisola do PS vestida, começou a gritar que tinha sido ameaçada por um membro da comitiva: “Ele disse-me que me partia o focinho. Sou lesada do BES. Sou PS como ele. Tenho o direito de estar aqui. Alguém andou a espalhar eu estávamos aqui”, gritou sem parar falando com um polícia à paisana.

Esta manifestante acabou por ser afastada pelos polícias presentes, assim como outros manifestantes mais activos. Um deles conseguiu furar o cordão de segurança apertado e chegar à fala com o primeiro-ministro. De acordo com fonte da PSP, não houve detidos apesar do aparato.

O ambiente estava tenso e começou a notar-se um reforço de segurança em torno de António Costa. Ao todo, contados pelo PÚBLICO, estavam pelo menos sete agentes do corpo de protecção do primeiro-ministro, vários polícias fardados e ainda alguns à paisana. Porquê este reforço de segurança? “Tem de perguntar à PSP”, respondeu o primeiro-ministro ao PÚBLICO.

Ao que o PÚBLICO apurou, o grupo de manifestantes já tinha sido reconhecido antes da arruada começar e a segurança decidiu apertar a malha. “Quanto maior a confusão, maior a segurança”, respondeu um membro da comitiva.

Apesar do reforço, um dos manifestantes chegou à fala com Costa, que lhe referiu que a solução que encontrou para o BES serviu a 99% dos lesados, que já aceitaram. Foi isso que acabou a responder aos jornalistas, quando questionado sobre o assunto: “Nós tivemos um processo de diálogo entre as associações de lesados do BES, com CMVM e Banco de Portugal e foi encontrada uma solução para 99% dos lesados.”

Este grupo, que aparece em vários locais por onde passa o primeiro-ministro, faz parte do 1% que não aceitou. “Se 99% aceita uma solução que procura mitigar o prejuízo sofrido e houve 1% que decidiu não aceitar, eu respeito. Há outras vias que estão abertas, agora quando 99% que já aceitaram eu diria que é uma maioria relativamente expressiva, é o mínimo que podemos dizer”, respondeu.

“Preso por ter secretário-geral e preso por não ter”

A presença de António Costa trouxe gente e animação à campanha socialista, mas trouxe também dissabores. Costa acabou por ser abordado por um professor no meio da arruada: “Sou professor, estou-lhe muito agradecido. Não vou votar em si tal como os meus colegas”. Costa respondeu com a habitual muleta de linguagem que tem, “muito bem”, e seguiu.

Não haveria de ser o único momento menos positivo. Andou por Coimbra enquanto secretário-geral do PS a apoiar o candidato – “Sempre que é possível dar uma mãozinha estou cá como militante”, disse – mas acabaria por, sobretudo, ter de responder a assuntos de governação, entre eles a famosa medida de redução do valor dos passes sociais. A redução ainda não chegou a quem faz todos os dias Lousã-Coimbra nos autocarros eléctricos “MetroBus”, o transporte alternativo ao projecto extinto do Metro do Mondego, uma medida lançada por Pedro Marques enquanto ministro do Planeamento. Mas a empresa dos autocarros ainda não aceitou fazer parte do acordo de redução do preço. 

“Nós não temos direito. São 73 euros”, queixou-se Maria da Luz a António Costa. O primeiro-ministro respondeu que essa redução “ainda está em negociação” e pediu respostas aos autarcas da zona. Manuel Machado, presidente da Câmara de Coimbra, ouvia as queixas.

A presença de Costa acabou por ofuscar o candidato que seguia uma rota alternativa de beijinhos e distribuição de rosas ou em segundo plano, deixando o palco para Costa que abria caminho. Esta presença é para não ter um resultado “por poucochinho”, questionou um jornalista. “Sabe que essa sua pergunta tem interesse mas é um bocadinho como aquela história do preso por ter cão e preso por não ter. Aqui é preso por ter secretário-geral e preso por não ter. Se não tem secretário-geral é porque anda a fazer campanha sozinho, se tem secretário-geral é porque o veio”.

Apesar dos percalços da tarde, a comitiva não os relevou e Costa acabou por desvalorizar o assunto: “Ganhar por 100% não está no meu horizonte por mais optimista que me mantenha”, disse.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários