Comboios eléctricos para Viana do Castelo só a partir de Julho

Electrificação da linha do Minho continua a atrasar. IP admite aplicar sanções ao empreiteiro. Obras deveriam estar terminadas em Março de 2018, mas os prazos têm vindo a derrapar. IP alega “especial complexidade” da intervenção.

Foto
Nelson Garrido

Só no início do segundo semestre de 2019 é que os primeiros comboios eléctricos começarão a circular entre o Porto e Viana do Castelo. A Infra-estruturas de Portugal diz que já estão concluídas todas as obras necessárias relacionadas com a electrificação e que está em curso “o processo de colocação em tensão eléctrica, com execução dos ensaios de catenária e tracção”.

Após esta fase, a linha “será objecto de verificação do cumprimento dos parâmetros de certificação europeia” a fim de poder obter a autorização formal do regulador”, que é o IMT.

A electrificação dos 43 quilómetros de via única entre Nine e Viana representa um investimento de 16 milhões de euros. De acordo com o Plano de Investimentos Ferrovia 2020, a obra deveria ter ficado concluída em meados de 2018.

Questionada pelo PÚBLICO sobre esta derrapagem de um ano, a IP respondeu que “no desenvolvimento dos trabalhos da empreitada, foram identificados um conjunto de constrangimentos e situações imprevistas (nomeadamente o aparecimento de vestígios arqueológicos) que determinaram a necessidade de readequação do projecto das várias especialidades, o que provocou um atraso em relação à programação inicialmente prevista”.

A mesma fonte oficial acrescenta que “a intervenção se reveste de uma especial complexidade uma vez que se insere numa linha em exploração com canal ferroviário muito reduzido e túneis muito antigos, obrigando a que as escavações de maciços de catenária, estabilização de taludes, intervenção em túneis existentes e execução de caminho de cabos para servir a nova sinalização electrónica, tivessem rendimentos de execução mais baixos que os inicialmente previstos”.

A empresa diz também que está a analisar “o apuramento das responsabilidades de todas as partes envolvidas, incluindo o consórcio empreiteiro [Mota Engil Somafel], pelo atraso no desenvolvimento dos trabalhos”, admitindo, vir a aplicar penalizações de acordo com as cláusulas previstas no contrato.

A modernização da linha do Minho, porém, é bastante mais do que a sua electrificação. Para ficar completa falta ainda instalar modernos sistemas de comunicação e de sinalização electrónica, o que só ocorrerá numa segunda fase, quando os trabalhos estiverem concluídos entre Viana do Castelo e Valença.

Até lá, os comboios, sejam eléctricos ou a diesel, continuarão a circular sujeitos a um regime de cantonamento telefónico, que é um sistema de gestão de tráfego inteiramente dependente de meios humanos. Neste sistema – que data do velho telégrafo do séc. XIX - os ferroviários telefonam para a estação seguinte a pedir avanço para o comboio, uma vez que a linha é de via única e os cruzamentos só podem ser efectuados nas estações.

Com a tracção eléctrica, a viagem entre o Porto e Viana do Castelo poderá ser encurtada entre 15 a 20 minutos. Actualmente, o tempo de percurso oscila entre 1 hora e 19 minutos e 1 hora e 47 minutos consoante a lei de paragens dos comboios.

Ainda assim, nem todos os comboios serão eléctricos na linha do Minho porque a CP não tem material circulante suficiente e porque o troço entre Viana do Castelo e Valença continua por electrificar. A transportadora pública poderá prolongar alguns comboios suburbanos até Barcelos e criar um Intercidades Lisboa – Viana, mas para chegar a Valença do Minho terá de continuar a operar com automotoras a diesel.

O PÚBLICO perguntou à CP qual a oferta que tem prevista para depois da electrificação, mas a empresa limitou-se a responder “que essa informação será atempadamente divulgada”.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários