Portas entra para a semana na campanha que “quer chegar às pessoas”

O antigo líder do CDS vai juntar-se à caravana do CDS para as europeias na próxima semana. Para já, o CDS diz que o objectivo da sua campanha é estar próxima das pessoas. Em dois dias já foram percorridos mais de 700 km.

Nuno Melo chegou ao segundo dia de campanha de camião
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Nuno Melo chegou ao segundo dia de campanha de camião LUSA/PAULO NOVAIS
Com Assunção cristas, visitou zonas afectadas pelos incêndios
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Com Assunção cristas, visitou zonas afectadas pelos incêndios LUSA/PAULO NOVAIS
Paulo Portas vai juntar-se à campanha
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Paulo Portas vai juntar-se à campanha Nuno Ferreira Santos
Candidato visitou empresa de cerejas
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Candidato visitou empresa de cerejas LUSA/ANTONIO JOSE

Uma campanha “sem grandes espalhafatos”, que “fale e chegue às pessoas” e que aborde “os problemas que lhes importam e que a União Europeia pode ajudar a resolver”. E com Costa sempre presente, porque foi ele que “nacionalizou a campanha”. Esta é filosofia que o CDS diz querer para a sua acção nas ruas e assim foram os dois primeiros dias. Paulo Portas chega na segunda semana.

Os candidatos fazem-se acompanhar por uma pequena comitiva nas quatro ou cinco iniciativas que têm por dia, por vezes acompanhados por um pequeno grupo de membros da Juventude Centrista, para dar algum ruído e cor às iniciativas. Assunção Cristas, que ontem já marcou presença em acções do CDS, vai aparecer quase diariamente. Amiúde vão entrando algumas figuras destacadas do partido e o antigo líder chega na segunda semana com data e local por ainda decidir.

“O que afasta as pessoas das urnas é muito barulho, mas sem ideias. Nos temos propostas que interessam às pessoas e vamos até junto delas para lhes dizem quais são dos nossos compromissos. Temos uma campanha com ideias”, afirmou ao PÚBLICO Nuno Melo, o número um partido na lista ao Parlamento Europeu.

“Não estamos à procura de trazer muita gente, mas chegar às gentes. E falamos todos os dias das nossas propostas para Europa e de como a Europa pode ajudar as pessoas”, acrescentou.

Quem esteve sempre muito presente na pré-campanha e nos dois primeiros dias oficiais na estrada foi António Costa. Quase todas as críticas vão directamente para ele para o seu Governo. “Foi ele que nacionalizou a campanha, por isso está presente. Não vamos deixar esquecer que foi ele que trouxe a austeridade”, acrescentou Melo. O centrista apelida mesmo o líder socialista como “candidato oficial do PS”. Já Assunção Cristas promete uma “campanha forte”, que “lembre e tenha presente todo o país”.

Costa sempre presente

“A Europa também é aqui, nas pequenas terras, no mundo rural, mas também nos grandes centros urbanos”, acrescentou ao PÚBLICO, numa acção concelho em Oliveira do Hospital, em que chamou à atenção para os “apoios que ainda faltam” às vítimas dos incêndios de 2017, nomeadamente ao nível da reconstrução de casas.

O que não tem faltado à campanha e vai continuar a faltar são quilómetros. Só nos dois primeiros dias já foram percorridos mais de 700 quilómetros de estradas.

Os objectivos finais após a eleição do próximo dia 26 já foram definidos por Nuno Melo: eleger dois deputados.

António Costa veio mais vez à conversa na acção de campanha nos concelhos de Oliveira do Hospital e da Tábua, com Cristas a desafiá-lo de novo para resolver os problemas do SIRESP. Depois de ter questionado o primeiro-ministro no debate quinzenal sobre o sistema de comunicações de emergência, a líder do CDS diz continuar à espera de resposta.

“Já lá vão quase 14 horas, cá estamos à espera da resposta do primeiro-ministro para, mais uma vez, resolver um problema que ele próprio ajudou a criar”, afirmou na aldeia de Valongo, concelho da Tábua, onde se inteirou dos atrasos que ainda existem na reconstrução das casas destruídas pelos incêndios de Outubro de 2017.

Cristas recordou que o sistema “foi negociado” quando António Costa era ministro da Administração Interna, afirmando que o Governo tem tido “discursos diferentes”. “[Costa] Obrigou a fazer investimentos que depois não pagou”, acrescentou.

CDS diz que ajuda à reconstrução

A presidente do CDS juntou-se a Nuno Melo e Pedro Mota Soares, em Vilela, uma freguesia de Oliveira do Hospital muito fustigada pelos fogos, e logo encontrou Laura, uma senhora de 95 anos que, já no sábado, se muda para a casa nova. A líder do CDS conheceu-a em Dezembro, quando a casa ainda estava em recuperação.

“É por ver casos como este, em que a casa já está recuperada, que sentimos que vale a pena vir para o terreno. Mas é preciso continuar a bater nisto, porque há muita gente que ainda está em dificuldades”, salientou.

Nuno Pereira, da Associação de Apoio às Vítimas dos incêndios, assegura que naquele concelho ainda só foram recuperadas cerca de 60% das 220 casas destruídas pelos incêndios. Mas, para ele, o problema é das pessoas que não viram as suas casas validadas para a recuperação. “São centenas de pessoas que nunca vão ter casa e é por essas pessoas que também lutamos”, afirmou.

Assunção Cristas logo aproveitou para mais uma vez acusar o Governo de “não cumprir a sua palavra”. “Faz todo o sentido continuar a vir a estes locais da tragédia dos incêndios. Há muitas pessoas que ainda não têm a sua situação resolvida. A vinda do CDS ajuda a resolver os problemas, denunciando um Governo que não é capaz de cumprir a sua palavra.”

A líder do CDS recusa estar a fazer aproveitamento político da tragédia para ganhar votos para as eleições europeias. “Não é aproveitamento é compromisso com as pessoas. Garantimos às pessoas que não as abandonávamos e por isso estamos aqui. É o nosso dever”, assegurou.

Questionada sobre a declaração de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a crise política criada sobre o problema da recuperação do tempo de carreira dos professores, Cristas limitou-se a dizer que respeita o “o silêncio do Presidente da República.

Melo de TIR

A manhã de campanha começou em Vila Nova de Poiares ainda sem a presença de Cristas, numa acção em que Nuno Melo chegou de camião TIR a uma empresa de transportes. O objectivo foi salientar as dificuldades de rodovias que os empresários do sector dizem sentir.

Depois, “para mostrar que no interior também é possível ter sucesso”, visitou a Nutriva, uma empresa de produção alimentar que emprega mais de 200 pessoas e exporta para vários países.

“Estamos aqui porque queremos dar um sinal político. Estamos numa zona muito fustigada pelos incêndios de 2017. Apesar disso estamos onde uma empresa consegue ser altamente competitiva.”

Melo defendeu ainda uma política para o interior do país “que tenha uma componente fiscal que ajude a fixar as pessoas e as empresas”. À tarde, a campanha passou pelo Fundão e terminou já à noite com um jantar em Rio Maior.

A forma quase discreta da campanha deve alterar-se hoje com ações de rua em Cascais e Lisboa, onde o CDS aposta forte.

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