O dia do candidato “calmíssimo” com guião aprovado pelo chefe

Pedro Marques mantém o estilo de campanha, mas agora vai falando mais com trabalhadores. Falou de assuntos europeus e colheu os frutos de uma crítica apontada à oposição.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES
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É uma campanha sem grande aparato, mal se dá pela sua passagem nas terras por onde anda. Contam-se pelos dedos das mãos os “jotinhas” que o acompanham. A cada dia há um ou outro dirigente nacional a acompanhar o candidato. Esta quarta-feira estiveram não só António Costa, mas também os ministros Matos Fernandes e Vieira da Silva, e a coluna de reforços vai engrossar na segunda semana com a chegada de Mário Centeno, Ferro Rodrigues e Francisco Assis. Mas o candidato não se importa muito com a dinâmica modesta e viu, aliás, António Costa apoiar o seu estilo: “Sê igual a ti próprio”, disse-lhe o secretário-geral do PS.

E Pedro Marques seguiu à risca. Aliás, o candidato certinho, que chega a horas aos sítios, pouco se desvia do guião que traçou, no percurso e no discurso. Apenas na noite de terça-feira surpreendeu quem o ouviu durante os cinco minutos de discurso em Faro. Num tom directo, mas sentido, calou uma sala que o ouviu apontar a Paulo Rangel o “oportunismo lamentável” por ter “sobrevoado a dor” de quem sofreu nas tragédias dos incêndios. A crítica virou o jogo ao contrário, pondo Rangel a responder ao que tinha feito, quando, até então, era o socialista a ter de prestar contas às críticas adversárias.

O fruto foi colhido até pelo silêncio do candidato, que quis fazer perdurar as suas palavras durante quase todo o dia desta quarta-feira. Fez duas visitas a duas empresas, distantes a mais de duas horas de viagem de carro, - o habitual nesta caravana que ao final desta quarta-feira ia chegar aos dois mil quilómetros em quatro dias - e só às 17h fez declarações aos jornalistas.

Foi nessa conversa que se mostrou pouco preocupado com as críticas que lhe são feitas pela falta de dinâmica da campanha. Sobre si próprio diria: “O Pedro Marques está calmíssimo e empenhadíssimo em falar com as pessoas, em explicar propostas para a Europa, em explicar porque é que a Europa é importante. De facto, não foi o Pedro Marques nem a campanha do PS que escolheu andar a sobrevoar a região centro, em vez de falar com as pessoas afectadas”.

Justiça seja feita à campanha de Pedro Marques, raramente tem falado de assuntos que não sejam europeus. Aliás, estes primeiros dias foram monotemáticos sobre fundos europeus. Os vários fundos europeus. Colhendo os louros ou tentando mostrar os exemplos positivos que semeou enquanto secretário de Estado da Segurança Social – fundos de apoio às instituições particulares de solidariedade social – e enquanto ministro do Planeamento e Infra-estruturas – visitando empresas como a Tekever, em Ponte de Sor, ou empresas agrícolas.

Nesta quarta-feira, até por ter recebido “dicas” do presidente da Dan Cake, acabaria por falar de outro tema europeu: os impostos. Pedro Marques defende que tem de se olhar para o financiamento das médias empresas, que estão numa espécie de limbo da legislação, por causa da dimensão, e defendeu ainda uma harmonização fiscal, com uma “aproximação da base fiscal” dos diferentes países. Na óptica do candidato é possível mexer não nas taxas de imposto, esse é ainda um longo caminho a percorrer, mas na “parte de rendimentos que são ou não tributados que são diferentes de uns países para os outros”. É esta diferença que permite “uma ‘offshorização' fiscal dentro do espaço da UE” que se propõe ajudar a resolver.

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