Autarca de Braga diz que a melhor solução para o Picoto é a reconstrução

Ricardo Rio admitiu que a simples requalificação das actuais infra-estruturas do bairro é insuficiente para dar melhores condições às cerca de 40 famílias que lá vivem. O autarca espera, por isso, obter fundos para demolir o complexo habitacional e construir um novo.

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Andre Rodrigues

O bairro do Picoto, situado no monte de onde se avista o Estádio 1.º de Maio e uma das entradas para a cidade (Estrada Nacional 101), está repleto de casas com fissuras nas paredes e manchas negras, devido à humidade. Após a visita ao complexo habitacional, na quarta-feira, o presidente da Câmara de Braga assumiu que a simples requalificação, ideia que defendeu anteriormente, não é suficiente.

Para o autarca, as habitações actuais estão repletas de erros de construção e de “materiais completamente ultrapassados” e precisam de ser demolidas para darem lugar a novas. “Não vamos tentar uma reabilitação daquilo que não tem condições para ser reabilitado. Será sempre mais num sentido de reconstrução, de fazer algo de novo”, afirmou.

Ricardo Rio considerou que as famílias que vivem no Picoto, todas elas de etnia cigana, estão numa “situação inaceitável” e realçou que uma eventual intervenção no bairro vai abarcar não só as habitações, algumas delas em risco de deslizarem pela encosta, como o espaço público, enquanto tentativa de mitigar o isolamento do local.

Construído em 1998 pela autarquia, graças a um investimento de 1,9 milhões, o bairro nunca pôde ser reabilitado até hoje por estar implantado num terreno pertencente à Arquidiocese de Braga. A situação alterou-se em Fevereiro deste ano, quando o município adquiriu o terreno por 200.000 euros. A Câmara pode agora intervir no bairro, e Ricardo Rio espera ter um projecto o mais rapidamente possível, para aproveitar eventuais financiamentos, do Estado ou de verbas não utilizadas do Portugal 2020.

O autarca bracarense foi, ao longo da visita, acompanhado por vários moradores que quiseram mostrar os problemas de que sofrem as suas habitações. Um deles, Hugo Salazar, frisou que, além da falta de condições de habitabilidade, o bairro é um “gueto”, sem o mesmo contacto com a cidade de outros bairros sociais como os de Santa Tecla, Enguardas ou Andorinhas.

Apesar de já ter defendido o realojamento noutras zonas da cidade – Ricardo Rio rejeita a solução devido ao seu custo e à falta de disponibilidade de imóveis -, o morador admitiu que a reconstrução pode ser uma boa solução para “melhorar o futuro dos moradores do bairro”. “As únicas soluções possíveis é sermos realojados noutros lados ou demolir o que aqui está para serem construídas casas normais. Vamos ter de falar sobre isso em reuniões futuras”, disse.

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