Atropelamento em procissão faz dois mortos e 13 feridos na Terceira

Despiste fez ainda dez feridos, quatro deles graves. Padre descreve uma terra “em choque”.

Fotogaleria
Quatro Ribeiras, concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, nos Açores LUSA/ANTÓNIO ARAÚJO
Fotogaleria
Quatro Ribeiras, concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, nos Açores LUSA/ANTÓNIO ARAÚJO
Fotogaleria
Padre Carlos Cabral LUSA/ANTÓNIO ARAÚJO

Duas pessoas morreram e 13 ficaram feridas, quatro com gravidade, esta terça-feira à noite, após o despiste de um automóvel durante uma procissão na localidade de Quatro Ribeiras, concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, nos Açores. As vítimas mortais eram do sexo feminino e tinham 68 e 84 anos. O padre local, Carlos Cabral, descreveu que a segunda vítima mortal era “uma senhora de fé, muito empenhada”.

Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) dos Açores referiu ao PÚBLICO que o alerta foi dado às 20h31 (hora local, mais uma hora em Portugal Continental).

“Foi um acidente multivítimas, com o despiste de uma viatura durante uma procissão, que provocou um atropelamento múltiplo”, adiantou o secretário regional de saúde da Protecção Civil dos Açores, Rui Luís, em conferência de imprensa. Questionado sobre os motivos que terão provocado o acidente, Rui Luís disse não ter informações, acrescentando que “a Polícia de Segurança Pública é que está com o caso entre mãos situação”.

Rui Luís disse que entre os feridos existiam quatro graves. Na manhã desta quarta-feira, a agência Lusa avançava que os feridos graves continuam internados, mas em “situação estável”, segundo adiantou fonte da Protecção Civil. Uma mulher de 60 anos, que estava “numa situação mais delicada”, foi operada ontem à noite e está nos cuidados intensivos, mas a sua situação neste momento é “estável”, segundo a mesma fonte.

Os feridos ligeiros, encaminhados para o Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira e para o Centro de Saúde da Praia da Vitória, já tiveram alta, à excepção de um. Entre os feridos contam-se oito do sexo feminino e cinco do sexo masculino, a maior parte dos quais com mais de 40 anos.

Entretanto, a PSP disse à Lusa que o condutor não apresentou álcool ou estupefacientes nos testes realizados. “O condutor tem 32 anos e dos testes realizados não houve detecção de álcool ou estupefacientes”, afirmou fonte da Direcção Nacional da PSP, adiantando que o homem conduzia uma viatura ligeira de mercadorias.

Foto
Imagem de Nossa Senhora de Fátima na freguesia das Quatro Ribeiras onde ocorreu o atropelamento ANTÓNIO ARAÚJO / LUSA

A procissão era acompanhada por cerca de 50 fiéis, que se encaminhavam da região mais alta da freguesia para a igreja local, onde se iria celebrar uma missa. O condutor saiu ileso do acidente, avança a SIC.

A procissão ocorreu habitualmente a 13 de Maio, mas este ano o padre Carlos Cabral tinha o sacramento do crisma agendado na freguesia vizinha dos Biscoitos, onde também é pároco, por isso adiou-a para o dia 14. Na igreja, outras pessoas, com menor mobilidade, aguardavam pela procissão, para assistir à missa, que este ano não se realizou.

“É um povo sereno, que se compreende, que se aceita, que se ajuda mutuamente. Ninguém esperava nada disso. Dizem as pessoas que coisa semelhante nesta freguesia nunca aconteceu”, frisou o padre.

Estamos todos em estado de choque"

O padre local, Carlos Cabral, explicou o acidente à publicação Igreja Açores. “Íamos atrás do andor quando de repente uma carrinha Renault [de cor vermelha] embate na multidão, matando de imediato duas pessoas. Foi horrível. O andor e a imagem de Nossa Senhora foram projectados contra um muro. Várias pessoas ficaram feridas. Não há explicação, nem sei o que estamos a sentir. Estamos todos em estado de choque, muito consternados com tudo isto, sem perceber muito bem como é que isto tudo foi possível.”

A procissão, que se realizou na noite de terça-feira, estava prevista para 13 de Maio, mas acabou por ser adiada para o dia seguinte, disse o padre à Lusa.

Ao telefone com o PÚBLICO, o proprietário do café O Raul, em Biscoitos, localidade vizinha de Quatro Ribeiras, explicou que esta semana de procissão de velas é dedicada às celebrações de Fátima, que são organizadas pela Igreja de Santa Beatriz, a mais antiga paróquia da Terceira. Sobre o acidente, o comerciante afirma que na terra “nunca se viu nada assim”.

Na freguesia das Quatro Ribeiras, na ilha Terceira, viveu-se uma manhã de quarta-feira num clima de consternação, mas também de apoio aos familiares das vítimas.

“A população está em choque ainda. Isto é uma localidade pequena [com cerca de 400 habitantes e uma população envelhecida], todas as pessoas se conhecem, directa ou indirectamente acabam por ser familiares. Estamos todos abalados com isto tudo”, adiantou, em declarações à Lusa, o Presidente da Junta de Freguesia das Quatro Ribeiras, Bruno Lopes.

Foto
Bruno Lopes, Presidente da Junta de Freguesia das Quatro Ribeiras ANTÓNIO ARAÚJO / LUSA

No local estiveram 24 operacionais dos bombeiros de Angra do Heroísmo e de Praia da Vitória, apoiados por 11 veículos, a Polícia de Segurança Pública (PSP), a Polícia Municipal e a Protecção Civil, com equipas de suporte imediato à vida e de apoio psicossocial.

Questionado sobre os motivos que terão provocado o acidente, Rui Luís disse não ter informações, acrescentando que a PSP “é que está com o caso entre mãos”.

Os destroços foram praticamente todos removidos do local do acidente, mostrou a RTP, que indicou que a PSP vai divulgar o relatório do acidente na quarta-feira.

Quatro Ribeiras situa-se a 20 quilómetros a norte de Angra do Heroísmo. 

Notícia actualizada às 14h48 com novas informações

Sugerir correcção
Ler 5 comentários