Guaidó pede ajuda às forças armadas dos EUA para “planeamento estratégico”

É o mais próximo que o autoproclamado Presidente interino da Venezuela já esteve de pedir a intervenção militar dos EUA para ajudar a derrubar o governo de Maduro.

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Juan Guaidó Reuters/UESLEI MARCELINO

O presidente do parlamento da Venezuela e autoproclamado Presidente interino do país, Juan Guaidó, requisitou uma reunião com as forças armadas dos Estados Unidos da América (EUA) para realizar um “planeamento estratégico e operacional” e definir uma estratégia para derrubar o regime de Nicolás Maduro.

Numa carta adereçada a Craig S. Faller, comandante do Comando Sul dos Estados Unidos (SouthCom), o “encarregado de negócios” do líder da oposição Venezuelana em Washington, Carlos Vecchi, escreve que foi Guaidó quem lhe pediu para que entrasse em contacto com as forças armadas daquele país. 

“A administração do Guaidó acolhe o apoio dos Estados Unidos e confirma que o nosso governo está disposto a iniciar discussões sobre a cooperação que tem sido oferecida”, pode ler-se no início da carta que foi divulgada através do Twitter por Marco Rubio, senador da Florida, nos EUA. 

Na carta, Vecchi também realça o agravamento das condições naquele país enquanto o impasse não termina e o impacto que a presença de “forças estrangeiras não convidadas” está a ter na Venezuela e noutros países. “Nós aceitamos este planeamento (...) para que possamos cumprir a nossa obrigação constitucional para com o povo venezuelano, a fim de aliviar o seu sofrimento e restaurar a nossa democracia”, escreveu o representante de Guaidó.

O pedido formal para uma reunião entre o comandante da SouthCom, Craig Faller, e membros da equipa de Guaidó é o mais próximo que o partido da oposição já esteve de pedir a intervenção militar dos EUA para ajudar a derrubar o governo de Maduro.

A carta ainda não obteve até agora resposta da SouthCom, mas Faller escreveu num tweet no dia 9 de Maio, quatro dias antes de a carta ser-lhe adereçada, que estava disposto a encontrar-se com o governo “legítimo” da Venezuela para discutir como poderia “apoiar o futuro papel dos líderes [do exército venezuelano] que tomaram a decisão certa, colocar o povo da Venezuela em primeiro lugar e restaurar a ordem constitucionalidade”.

Já na semana passada, Guaidó tinha referido em entrevista à BBC que se o regime de Nicolás Maduro “continuar a radicalizar um processo que levou o país a este desastre” consideraria “todas as opções necessárias” que pudessem pôr fim ao chavismo. 

Questionado sobre se gostaria de ver os Estados Unidos intervirem militarmente na Venezuela, o autoproclamado Presidente interino explicou que neste momento há duas intervenções externas, a dos cubanos nas Forças Armadas e a de aviões militares russos em território venezuelano. E que há um presidente encarregado do parlamento nacional e um parlamento nacional que quer mudanças, pelo que “há que manter uma alternativa se o Governo continuar a radicalizar”.

Guaidó conta com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA, o Reino Unido, a maioria das nações latino-americanas e a UE, e disse à BBC que a posição do Presidente norte-americano, Donald Trump, “é muito firme”.

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