Vinte anos é muito tempo, só não é para os Madrugada

Depois de um longo hiato, a banda norueguesa passou pelo Hard Club, 18 anos depois da primeira visita, para celebrar duas décadas do primeiro lançamento, Industrial Silence.

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A banda norueguesa teve um regresso triunfal ao Porto, actuando para um Hard Club esgotado Paulo Pimenta
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A banda norueguesa teve um regresso triunfal ao Porto, actuando para um Hard Club esgotado Paulo Pimenta

Passaram mais de dez anos desde que os Madrugada penduraram os instrumentos sem qualquer indício de que alguma vez os voltassem a usar. Um ano depois da morte do guitarrista Robert Burås (1975-2007), um dos membros do núcleo duro dos noruegueses, o vocalista Sivert Høyem e o baixista Frode Jacobsen decidiram que lançariam o álbum homónimo, já gravado, e ficariam por ali.

Morte prematura para o guitarrista e para uma banda que da Escandinávia criou as fundações de um fenómeno de culto estabelecido na viragem para o novo milénio. Saíram de cena deixando para a posteridade o registo de uma mão cheia de álbuns e a promessa de um eterno retorno que só existia nos sonhos mais irrealistas dos fãs.

Em 2018, a um ano de celebrarem vinte anos desde o lançamento do primeiro álbum, Industrial Silence, o vocalista e o baixista cogitam a hipótese de se juntarem ao baterista Jon Lauvland Pettersen para um regresso em forma de celebração. Chamam os guitarristas Cato Thomassen e Christer Knutsen, que ocasionalmente também saltam para as teclas, e avançam renovados e prontos para regressar ao passado.

Dezoito anos depois de passarem pelo Hard Club, quando ainda estava na margem de Gaia, voltaram neste sábado, depois de uma passagem pelo Lisboa ao Vivo, à segunda versão da sala, no Porto desde 2010, onde ficou provado, em sessão esgotada, que este longo hiato serviu apenas para aumentar a saudade.

Os Madrugada fintaram o esquecimento e foram ao baú, de onde arrancaram matéria-prima para a longa digressão europeia com nome do lançamento de estreia. Voltar ao sítio onde se foi feliz pode ser arriscado. Sem novos trabalhos desde 2008, tudo o que tinham para mostrar estava confinado ao legado criado durante os 15 anos em que se mantiveram em actividade.

E foi em Industrial Silence, tocado na integra, mas por outra ordem, que se apoiaram na primeira parte de um concerto dividido em dois actos. Revisitaram Vocal, a melancólica Quite emotional, que no final do tema vai aos solos mais estridentes - já a antecipar algum material do terceiro álbum Grit -, Terraplane ou Electric, última do alinhamento referente ao álbum de estreia. “A nossa primeira composição realmente decente”, disse Høyem, que recordou os tempos em que a tocavam numa sala de ensaios com vistas largas para a rua. Ainda assim não chega para rivalizar com qualquer uma do terceiro álbum.

A voz do vocalista continua a servir de dínamo para a atmosfera coberta em melancolia de uma banda que pinta de negro o rock mais sujo que marcou a década de 90 do século passado. Sempre foram uma banda dependente das guitarras, mas que nunca empurrou as linhas de voz para segundo plano. Na maior parte das vezes, são mesmo as vozes que ditam a carga emocional dos temas.

Menos de trinta segundos foi o tempo que os noruegueses demoraram para voltarem ao palco, despedindo-se de Industrial Silence, para darem a volta à discografia. Arrancaram com Black Mambo, do segundo trabalho The Nightly Disease, onde foram buscar também Hands up – I love you e Only when you're gone, com solo dilacerante e onde as teclas se juntam ao baixo para marcar o balanço.

Saltam para o último álbum para tocar Honey bee e What's on your mind?, para chegarem a Grit, do qual tocaram apenas a nostálgica Majesty. The kids are on high street serviu de porta de entrada para The Deep End, quarto álbum, antes de se despedirem com Valley of deception, esta, do álbum homónimo. Despedem-se com uma promessa: “Voltaremos cá antes de 2036”, ironizou Høyem.

Foram duas horas que, mais do que nostálgicas, provaram que nem sempre as reuniões de bandas servem apenas para marcar passo. Høyem, Jacobsen e Pettersen continuam em forma e parecem não estar cansados dos temas que sobreviveram ao passar dos anos. Da passagem pelo Porto, sobra a ideia de que não seria descabido pensarem em novas composições para lançamento de novo registo. O tempo não passou pelos Madrugada.

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