Dez mil postais para pedir a António Costa a remoção dos resíduos de São Pedro da Cova

População da vila mineira vai assinar postais para lembrar a António Costa a promessa do seu Governo: retirar as 125 mil toneladas de resíduos ainda depositados nas escombreiras das minas

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Resíduos foram depositados em São Pedro da Cova entre 2001 e 2002 Paulo Pimenta

Já fizeram manifestações, vigílias e comunicados, já levaram o assunto à Europa, pediram satisfações a vários ministros do Ambiente dos últimos anos. Mas a luta da população de São Pedro da Cova pela retirada dos resíduos perigosos não desarma. Na segunda-feira, o executivo da junta de freguesia local vai desafiar a população da vila mineira a assinar um postal para ser entregue, em mãos, a António Costa. “Vamos pedir de novo ao senhor primeiro-ministro que os resíduos sejam retirados o mais rapidamente possível”, disse ao PÚBLICO o autarca Pedro Miguel Vieira.

A sentença de 10 de Abril – que absolveu os seis arguidos para quem o Ministério Público havia pedido condenação – não convenceu a junta de freguesia. Para o tribunal, ficou por provar que os acusados tinham conhecimento das consequências do depósito de resíduos nas escombreiras das minas. Mas o executivo, assistente no processo, já recorreu da decisão.

Mais importante, no entanto, é insistir na “efectiva retirada” das 125 mil toneladas de resíduos perigosos ali depositados pela Siderurgia Nacional da Maia entre 2001 e 2002, carimbo de um “problema ambiental gravíssimo”.

No pequeno texto que acompanha o postal esboçado pela junta de freguesia comunista, está uma frase da juíza do Tribunal Administrativo e Fiscal que absolveu os seis arguidos. Nesse dia, apesar da sentença indesejada pela junta, deixava uma outra ideia no ar. A presença dos resíduos “é uma lança apontada à cabeça dos 20 mil habitantes da freguesia”.

O problema começou a ser resolvido em Outubro de 2014. Durante oito meses foram retiradas 105 mil toneladas de metais pesados das antigas minas. Mas não chegaria para pôr um ponto final à história. Tempos depois, descobriu-se que ainda havia vestígios do material e outro concurso público para a remoção foi aberto. As 125 mil toneladas ainda depositadas no solo deveriam ser retiradas em 2018, garantiu o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes. Até agora, o processo não avançou.

O Ministério justifica o atraso com uma “acção judicial” com “efeito suspensivo imediato” que foi intentada por um cidadão. O empenho na causa, reiteram, é grande. E prova disso é a atribuição de uma “verba de 12 milhões de euros a essa obra”, através do Fundo Ambiental. “O Governo garante que não caiu nem cairá [em esquecimento]”, dizia o gabinete de comunicação ao PÚBLICO há cinco meses.

Para a população, a demora é angustiante. Entre o final de Maio e início de Junho, Pedro Miguel Vieira irá a Lisboa. Na bagagem deverá levar os 10 mil postais impressos, com assinatura das gentes da vila. Em cada uma delas, uma sentença: “basta de adiamentos.”

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