Rio assume “ambição” de vencer as europeias, mesmo que seja preciso subir “13, 14 ou 15%”

Na convenção temática do Conselho Estratégico Nacional do PSD dedicada aos Assuntos Europeus, Rui Rio falou ainda da questão do texto final de apreciação parlamentar do diploma do tempo de serviço dos professores que será votada esta sexta-feira.

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

O presidente do PSD, Rui Rio, assumiu esta quinta-feira que o partido vai para as eleições europeias “com ambição” de ganhar, mesmo que tal implique subir “13,14 ou 15%” em relação a 2014.

No encerramento da convenção temática do Conselho Estratégico Nacional do PSD dedicada aos Assuntos Europeus, Rui Rio situou a votação dos sociais-democratas em 2014 que em coligação com o CDS-PP foi de 27,7%, “na casa dos 19 ou 20%”.

“Nós não vamos para eleições para subirmos muito, nós vamos para eleições para ganhar. Para ganhar temos que subir 13, 14 ou 15%. E eu estou convencido que da forma como a campanha está a correr, teve este interlúdio, mas vai continuar depois dos próximos actos, vamos para as eleições com a ambição de ganhar”, apontou.

O “interlúdio” a que Rio se referia foi a crise política dos últimos dias, depois de o primeiro-ministro ter ameaçado demitir-se, caso o parlamento aprovasse, em votação final global, a recuperação integral do tempo de serviços dos professores. Na sua intervenção, Rio recorreu a um argumento já utilizado pelo cabeça de lista do PSD, Paulo Rangel, classificando a lista do PS às europeias como “uma prateleira dourada” de antigos governantes de José Sócrates e outros de António Costa.

Rui Rio procurou enumerar as razões para os eleitores votarem no PSD em 26 de Maio, pela positiva e pela negativa, apontando neste último caso a degradação dos serviços públicos ou do Serviço Nacional de Saúde. “E não se esqueçam também que há quem utilize o poder para depois distribuir os amigos e a família socialista por tudo quanto é cargo público”, apelou. 

O cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel, quis também diferenciar as propostas sociais-democratas, que classificou como realistas, das contidas no manifesto do PS.

“O PS tem um manifesto que basicamente é um acto romântico, utópico, idealista. Isto olhando com boa-fé, se olharmos de outra maneira podemos dizer que visa enganar os cidadãos”, acusou. Tal como Rui Rio, Rangel assumiu a ambição de “lutar para vencer as eleições” europeias.

Pedir ao PS para votar travão financeiro é como “pedir ao peru que vote a favor do Natal"

Esta noite, o presidente do PSD disse ainda não esperar que o PS vote a favor do “travão financeiro” para a recuperação do tempo integral dos professores, considerando que seria “como pedir ao peru para votar a favor do Natal”.

No encerramento da convenção, Rui Rio voltou a referir-se à ameaça de demissão do primeiro-ministro, António Costa, como “um golpe de teatro” para “abafar a campanha das europeias”.

“Amanhã [sexta-feira] teremos o penúltimo ato da peça de teatro, com a votação do travão financeiro. Pedir ao PS que vote a favor de uma cláusula que vise pôr um travão financeiro é a mesma coisa que pedir ao peru para votar a favor do Natal. Por isso, não tenho grandes expectativas”, afirmou”, perante risos da plateia.

Para o presidente do PSD, o “último ato da peça de teatro” acontecerá nos próximos dias, com o aparecimento de uma sondagem a dizer “que correu muito bem e vão ganhar as eleições”. Rui Rio referia-se à votação final global, na sexta-feira, do texto final da apreciação parlamentar do diploma do tempo de serviço dos professores, que deverá ser rejeitada por PS, PSD e CDS, caso se confirme a reprovação das cláusulas de salvaguarda financeira proposta pelos sociais-democratas.

O líder do PSD acusou Costa de “défice de sentido de Estado”, considerando que a obrigação de um primeiro-ministro é garantir a estabilidade e evocou o seu antecessor, Pedro Passos Coelho. “Em período económico muito difícil, o primeiro-ministro Passos Coelho fez exactamente o contrário”, realçou, recebendo um forte aplauso dos apoiantes.

Na semana passada, na comissão de Educação, PSD, CDS-PP, BE e PCP isolaram o PS e aprovaram o princípio de que os professores terão direito à recuperação da totalidade do tempo no período em que houve congelamento.

Perante este passo, o primeiro-ministro, António Costa, numa declaração ao país, na sexta-feira, ameaçou demitir-se caso esse diploma seja aprovado em votação final global, alegando ser “injusto” socialmente e “insustentável” do ponto de vista financeiro.

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