Ameaça de demissão dividiu portugueses, mas maioria fica do lado do Governo

Uma sondagem realizada pela Aximage revela que a ameaça do primeiro-ministro deixou os portugueses divididos. A votação final global está agendada para esta sexta-feira.

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António Costa ameaçou demitir-se caso o descongelamento da carreira dos professores fosse aprovado na votação global LUSA/NUNO VEIGA

A ameaça de demissão do Governo na última semana dividiu os portugueses, mas tende a favorecer a imagem do primeiro-ministro. Segundo uma sondagem da Aximage para o Jornal de Negócios e o Correio da Manhã, divulgada esta quinta-feira, 49% dos inquiridos consideram que António Costa agiu bem quando ameaçou demitir-se caso a contagem integral do tempo de serviço congelado aos professores fosse aprovada na globalidade. Mas a diferença face aos que consideram que António Costa fez mal (44%) é pouco significativa. Os restantes não responderam ou acham que a posição de António Costa não esteve bem, nem mal.

A sondagem mostra também que a maioria dos inquiridos que avaliaram a ameaça de António Costa de forma positiva são eleitores ligados ao Partido Socialista (PS).

Mais de um terço (68,9%) dos inquiridos que votaram no PS nas últimas eleições legislativas consideram que o primeiro-ministro agiu bem ao ameaçar demitir-se. A surpresa vem também do Bloco de Esquerda. A maioria dos eleitores do BE avaliou António Costa com nota positiva. Aproximadamente 42% dos inquiridos elogiaram o primeiro-ministro contra os 32% de inquiridos que o criticaram. No Partido Comunista Português, as conclusões são menos óbvias e os eleitores dividem-se.

Já a maioria dos eleitores de direita (54%) consideram que o Governo não devia ter ameaçado demitir-se.

De uma forma geral, os inquiridos parecem colocar-se ao lado do primeiro-ministro. À pergunta “Quem tem razão?”, a maioria dos inquiridos (57%) responde que é o Governo. Cerca de um terço (32,9%) elogiam os restantes partidos. Os restantes inquiridos não sabem ou não distinguem.

O que fizeram os partidos

O primeiro partido a reconsiderar o seu voto foi o CDS. No domingo, Assunção Cristas afirmou que o CDS só votará a recuperação salarial dos professores do tempo congelado se forem aprovadas as suas condições de sustentabilidade financeira e de crescimento económico do país.

Depois seguiu-se Rui Rio, mas não sem antes de acusar o primeiro-ministro de ensaiar um “golpe palaciano” para perturbar “a campanha para as eleições europeias”

Já à esquerda do PS, o Bloco e o PCP reiteraram que não vão recuar. O Bloco de Esquerda insistiu que não tem sentido que o Governo “crie instabilidade por uma medida sem reflexo” nas contas de 2019 e defendeu que a política não pode ser “um jogo, tem de ser responsabilidade”. O secretário-geral do PCP acusou ainda António Costa de estar a “destruir a ‘gerigonça'”.

Já após conhecidos os recuos à direita, Costa atirou farpas ao PSD e ao CDS e insistiu que o projecto de lei “põe em causa a governabilidade do presente e condiciona de forma inadmissível a governação do futuro”. A votação final global está agendada para sexta-feira.

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