Um Eléctrico feito de música portuguesa

Conan Osiris e Stereossauro inauguram um novo programa da RTP1 com curadoria da Antena 3.

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Conan Osiris é um dos convidados da primeira emissão do programa CATARINA PEIXOTO/ANTENA 3

Conan Osiris está sentado em cima de um banco, envergando chapéu e óculos. Neste mini-concerto gravado no final de Março no Capitólio, em Lisboa, menos de uma semana antes de se ter sagrado vencedor do Festival da Canção, Conan mal dança, fruto da queda que deu pouco tempo antes nos ensaios. As cinco canções que interpreta fogem dos óbvios Adoro bolos ou Celulite e incluem dois inéditos e Telemóveis. Está iluminado por luz avermelhada. A ele e ao seu bailarino, João Reis Moreira, que também começa sentado mas cedo se levanta para os seus característicos passos de dança, junta-se Sunil Pariyar, um flautista nepalês. De lado está o público e, algures lá ao fundo, a equipa técnica anda de um lado para o outro, vestida de fato-macaco. Do lado oposto da sala, noutro palco, Stereossauro, ao lado do companheiro dos Beatbombers, DJ Ride, acompanhados por baixo e bateria e depois pelas vozes de Gisela João e de prétu (também conhecido como Chullage), todos banhados a luz azul. Cada um toca dois temas de cada vez e assim vão alternando, com entrevistas pelo meio. Por fim, há mais um tema para cada um e o programa acaba. 

É isto que acontece no primeiro episódio de Eléctrico, o novo programa de música ao vivo da RTP1 com curadoria da rádio Antena 3, que comemorou em Abril 25 anos de existência. A apresentação está a cargo de Henrique Amaro, com as perguntas aos artistas a serem feitas por Vanessa Augusto. As actuações, sempre à noite (as entrevistas eram de tarde, para depois os músicos só terem música na cabeça, explica Henrique Amaro ao PÚBLICO), foram realizadas por André Tentugal, com som de Nelson Carvalho. Chegam agora à televisão esta quinta-feira, às 00h36, passando depois na rádio aos domingos, às 21h.

A ideia era mostrar os artistas num ambiente relaxado, o mais próximo possível do formato ao vivo. Era importante “tivessem uma ligação directa à Antena 3”, numa mistura entre nomes que estão a aparecer e músicos com vários anos de carreira. Ao lote de seleccionados foi pedido que interpretassem cinco temas, sendo que um deles teria obrigatoriamente de incluir um convidado.

O primeiro episódio a ir para o ar é com Conan Osiris e Stereossauro; foi o segundo a ser gravado, mas passa agora, para antecipar a primeira semifinal da Eurovisão, marcada já para esta terça-feira. Seguem-se B Fachada, que veio sozinho, vestido de branco, a condizer com o piano de cauda em palco, e trouxe com ele sintetizadores modulares e um coro de colaboradores seus – e Samuel Úria, com banda e Joana Espadinha como convidada, para cantar uma canção da própria. Ao contrário do que acontece com os dois primeiros convidados, que não se conheciam antes, Fachada e Úria têm uma cumplicidade de longa data, algo que é realçado no programa. Puxar por essas ligações era, aliás, um dos objectivos de Eléctrico.

Além dos nomes já mencionados, passarão pelo programa parelhas que não chocam umas com as outras como Cassete Pirata e Frankie Chavez, Sara Tavares e Selma Uamusse, David Fonseca e Joana Espadinha, Best Youth e Isaura, X-Wife e The Parkinsons, Capitão Fausto e Luís Severo, Bruno Pernadas e Surma, Mundo Segundo & Sam The Kid e Dino D'Santiago, Dead Combo e Linda Martini, Glockenwise e Filipe Sambado.

Tal como Henrique Amaro, Gonçalo Madail, subdirector de programas da RTP1, fala ao PÚBLICO da importância que é capturar este momento da música portuguesa: “A RTP1 não pode passar ao lado, independentemente dos resultados, de uma radiografia mais completa da música portuguesa do momento.” O também director da RTP Memória diz que se apercebe “muitas vezes dos hiatos” que houve no  registo “de determinados períodos da música”, pelo que lhe dá uma “pequena felicidade” saber que, desta vez, “isto vai cá ficar”.

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