Mário Nogueira desmente que esteja a pensar sair do PCP. PÚBLICO mantém

Secretário-geral da Fenprof reage a notícia do PÚBLICO escrevendo que nunca afirmou estar a pensar desfiliar-se do PCP, mas sim do cargo de líder da Fenprof. O PÚBLICO mantém o que escreveu na íntegra.

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O líder da Fenprof, Mário Nogueira PAULO NOVAIS/LUSA

O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, desmentiu nesta quarta-feira que estará a equacionar a possibilidade de se desfiliar do PCP na sequência da posição deste partido sobre a votação das alterações ao diploma do Governo sobre a recuperação do tempo de serviço congelado.

“Na edição de hoje do jornal PÚBLICO é afirmado em título que posição do PCP pode levar Nogueira a deixar o partido. Ora, isso nunca foi afirmado na conversa mantida com a jornalista Clara Viana”, escreve Nogueira num “esclarecimento” enviado ao PÚBLICO. Onde afirma também o seguinte: “Pelo contrário, apesar de a pergunta ter sido feita, o que foi respondido foi que não estava a pensar nisso, pois enquanto eu estiver num partido com que concordo no essencial, apesar de haver posições com que possa não estar de acordo, não iria sair.”

Na verdade, o que Nogueira respondeu à pergunta que lhe foi feita, conforme se encontra relatado na notícia, é que ainda não teve “tempo para pensar nisso”. Mas também não afirmou, em nenhum momento da conversa que manteve com o PÚBLICO, que a possibilidade de se desfiliar do PCP estava posta de lado. O que disse foi que aquilo que aconteceu nos últimos dias e as posições tomadas por “pessoas mais próximas” em relação ao apelo que fez, nesta segunda-feira, aos partidos de esquerda o levam “a pensar sobre o futuro”.

Foi com base nesta afirmação, e no desencanto que testemunhou face à posição assumida pelo PCP, que foram escolhidos os títulos da notícia de hoje e da chamada à primeira página na edição impressa do PÚBLICO. No esclarecimento enviado nesta quarta-feira, Nogueira sustenta que o que afirmou “não ter ainda decidido foi a continuidade no cargo de secretário-geral da Fenprof”. “Como disse, temos congresso no próximo mês e aí se decidirá”, acrescenta.

Na conversa que manteve com o PÚBLICO nesta terça-feira, Nogueira lembrou que o congresso da Fenprof se iria realizar no próximo mês, mas não falou da possibilidade de sair do cargo de secretário-geral, que aliás não constitui novidade: já a tinha admitido numa entrevista também a este jornal publicada a 22 de Janeiro passado.

As declarações de Nogueira foram recolhidas na sequência de o PCP ter recusado o seu apelo para se abster na votação das condições propostas pelo PSD e CDS, no sentido de fazer depender a concretização da contagem do tempo de serviço das condições económicas do país, de modo a viabilizar a aprovação daquilo que os professores consideram “essencial”: a contabilização integral dos nove anos, quatro meses e dois dias do tempo de serviço que esteve congelado.

No seu esclarecimento, Nogueira confirma que a sua “expectativa em relação à posição na votação, tanto do PCP, como do BE, era que, reafirmando as suas justas posições, tivessem, contudo, em consideração o essencial para os professores: não fechar as portas, no plano legal, à recuperação do tempo total”. “Disse, por ser verdade, que tive conhecimento das posições de PCP e BE pela comunicação social e face ao que terá sido afirmado por Carlos Carvalhas na TSF (que não ouvi, mas confiando no que me foi dito pela jornalista Clara Viana) manifestei mágoa pelas afirmações”, prossegue Nogueira, adiantando também isto: “E quando afirmei que o que mói é quando vemos pessoas mais próximas, como o meu camarada Carlos Carvalhas, a fazer afirmações dessas, isso põe-nos a pensar sobre o futuro. Referia-me, obviamente, ao meu futuro dando a cara e assumindo a luta dos professores, como tenho assumido até aqui.”

O secretário-geral da Fenprof conclui a sua nota deste modo: “Face a tudo o que antes se esclarece, não compreendo a escolha do título e a chamada à primeira página que estão a dar lugar às mais diversas especulações. Solicito que este esclarecimento seja tornado público de modo a repor a verdade dos factos.”

Ao PÚBLICO só lhe resta acrescentar que a única responsabilidade que tem é pelo teor da notícia, sendo totalmente alheio às “especulações” que esta possa suscitar.

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