Embalagens que se degradam em três meses devem chegar ao Continente ainda em 2019

O Ypack é um projecto-piloto de embalagens biodegradáveis e compostáveis. Propõe sacos, couvettes e películas feitas a partir de produtos alimentares desperdiçados, que deverão degradar-se ao fim de 50 dias no solo e 100 no oceano.

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O objetivo do YPACK é criar uma embalagem biodegradável, compostável, que estenda a validade dos produtos DR

Até ao final de 2019, o Continente (do grupo Sonae, a quem também pertence o PÚBLICO) deverá ter embalagens mais sustentáveis nas suas prateleiras. O projecto-piloto, lançado no âmbito do Ypack — uma iniciativa co-financiada pelo Horizonte 2020 da União Europeia —, tem como objectivo encontrar alternativas ao plástico “através da criação de embalagens biodegradáveis e compostáveis, com maior capacidade de conservação de alimentos”, contribuindo também para a “redução do desperdício alimentar”, lê-se em comunicado.

Já existem protótipos de sacos, couvettes e película para embalar fruta, legumes, pão ou carne, que deverão degradar-se naturalmente no solo ao fim de 50 dias e no oceano em menos de 100 dias. As embalagens, feitas “a partir de produtos alimentares desperdiçados, tais como soro de leite e cascas de amêndoa”, podem ser utilizadas como fertilizantes para a terra, uma vez que se “degradam à base de água e dióxido de carbono”. A solução assenta numa lógica de “bioeconomia circular” — “soluções que utilizam recursos e resíduos biológicos”.

“Procura-se introduzir no processo um tipo de material de facto sustentável, inclusive economicamente”, refere Marcos Silva, à frente da equipa de projectos de Investigação & Desenvolvimento da Sonae MC, citado no comunicado. O Ypack, iniciado em Novembro de 2017 e com um período de três anos, está a ser desenvolvido no Instituto de Agroquímica e Tecnologia de Alimentos, em Valência, Espanha.

O Continente é o único retalhista português a integrar o projecto, sendo que no consórcio de investigação em Portugal estão, entre outros, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, a Universidade do Minho e a Universidade Nova de Lisboa. A participação da marca no projecto enquadra-se no “Compromisso para o Uso Responsável de Plásticos”, definido pela marca, que pretende encontrar “soluções alternativas economicamente viáveis à utilização de plástico de origem fóssil, com particular incidência em produtos de utilização única”.

A partir de Junho de 2020, os sacos de plástico ultraleves e couvettes de esferovite vão ser proibidos nos supermercados. O Parlamento aprovou, em Abril último, um projecto-lei do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) que deverá pôr fim aos sacos descartáveis utilizados nas compras. E cada vez há mais alternativas: a designer chilena Margarita Talep criou embalagens a partir de algas e uma equipa de investigadores do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) criou um spray 100% natural e comestível que poderá vir a ser um conservante substituto dos plásticos. A título individual, também há mudanças que podem ser feitas: comprar a granel, utilizar frascos de vidro e comprar fruta e legumes sem saco plástico são algumas dicas para ter uma lista de compras mais verde

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