O humor numa aula de História fez de Rui Correia o professor do ano

Docente das Caldas da Rainha recebe a segunda edição do Global Teacher Prize Portugal, o “Nobel” da Educação que valoriza projectos inovadores.

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Nuno Ferreira Santos

Humor, actividades práticas e respeito pelos ritmos dos estudantes. É com estes ingredientes que Rui Correia, professor de História nas Caldas da Rainha diz ter conseguido “assegurar 100% de atenção” dos seus alunos. A iniciativa valeu-lhe a distinção, anunciada esta segunda-feira, com o Global Teacher Prize Portugal, a versão nacional dos prémios que são apresentados como os “Nobel” da Educação e que pretendem valorizar projectos educativos inovadores.

Rui Correia trabalha num meio economicamente desfavorecido – a escola básica de Santo Onofre, que pertence ao agrupamento de escolas Raul Proença, em Caldas das Rainha – e entende que a sua “obsessão” é mostrar aos alunos que “estudar é uma coisa para todos”. Por isso, precisava de encontrar formas de os manter atentos e empenhados nas aulas, tendo desenvolvido estratégias para “garantir que os ciclos de atenção eram constantemente reactivados”.

“Creio que quando conseguimos respeitar o ritmo dos alunos e permitimos que eles próprios controlem o ritmo da aula, a conversa fica muito mais bem estabelecida e temos a possibilidade de fazer com que eles estejam envolvidos naquilo que estamos a fazer”, explica Rui Correia num vídeo em que apresentava o seu “método” quando ficou a saber-se que era um dos dez finalistas da segunda edição do Global Teacher Prize Portugal.

Além disso, a estratégia envolve “muito riso e muito humor”, sublinha aquele professor: “Não há nenhuma possibilidade de perceber a aprendizagem sem que ela seja descontraída, simpática e amável”.

“Copos-semáforo”

Nas aulas de Rui Correia, há pausas para a realização de actividades práticas. Os métodos são sempre descontraídos e “low-tech": são distribuídas aos alunos páginas amarelas onde fazem resumos do que é dado nas aulas a cada 15 minutos e, em cima das mesas, há “copos-semáforo” com os quais o professor pode recolher feedback do entendimento da matéria pelos alunos em tempo real.

Rui Correia vai receber um prémio de 30 mil euros. O galardão para o professor do ano em Portugal foi entregue esta segunda-feira em Lisboa. Também foi atribuída pelo júri – presidido pelo antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio e Afonso Mendonça Reis, fundador da edição nacional deste galardão – uma menção especial a Maria Inês Loureiro Rodrigues, professora do Agrupamento de Escolas N.º1 de Gondomar, que tem desenvolvido uma metodologia de ensino baseada em problemas reais (problem-based learning), que leva para as salas de aulas há cinco anos.

Pedro Carneiro, em representação da comunidade científica, Sara Rodi, representante dos encarregados de educação, João Brites, em nome dos alunos, e o professor universitário Eduardo Sá também fizeram parte do júri.

Esta é a segunda edição do Global Teacher Prize Portugal, um prémio inspirado numa iniciativa internacional lançada em 2017 pela Varkey Foundation, uma organização sem fins lucrativos, que trabalha na área da educação. Portugal é um dos 17 países que entrega este prémio. No primeiro ano, foi escolhido José Teixeira, professor de Física e Química numa escola de Chaves.

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