Festival Planalto leva artes a Moimenta da Beira, “no interior do interior”

De 20 a 25 de Maio, o festival Planalto leva a Moimenta da Beira, no distrito de Viseu, mais de 30 eventos, pela mão do bailarino e coreógrafo Luís André. Nídia, Nigga Fox, Leonor Teles, Sopa de Pedra e Francisco Camacho são alguns dos artistas convidados.

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Nídia actua a 25 de Maio Marta Pina

A “vontade pessoal e urgente” de Luís André Sá de levar as artes performativas a territórios interiorizados, que sofrem de despovoamento, deu origem ao Planalto, que vai animar Moimenta da Beira dos dias 20 a 25 de Maio.

Apesar de viver em Lisboa, o bailarino e coreógrafo sempre teve intenção de devolver à terra onde nasceu um pouco daquilo que lhe foi dado durante o seu crescimento. “Moimenta da Beira fica no interior do interior e todas as regiões envolventes têm esta condição. Era muito importante para mim, já há algum tempo, poder desenvolver um projecto desta natureza, que colmatasse a enorme falta de programação cultural”, justificou, à agência Lusa.

Foi com essa intenção que nasceu o Planalto - Festival das Artes, projecto do qual Luís André Sá é director artístico e de programação, e que, na sua primeira edição, contará com mais de 30 eventos, divididos por seis disciplinas artísticas e que ocuparão mais de 80 horas de espectáculo.

“É uma programação de excelência, na ordem das programações culturais dos grandes pólos urbanos”, afirma o responsável à agência Lusa, dando como exemplo a actuação de Nídia, “que há poucos meses estava num palco de um dos maiores festivais de música electrónica do mundo, o Sonar (em Barcelona, Espanha)”, e que dia 25 estará em Moimenta da Beira. Tal como Nigga Fox, “que fez festas no Japão, no Canadá, em Nova Iorque, em Londres” e “já correu os grandes festivais de música electrónica não só nacionais, mas também internacionais. Luís salienta ainda a presença do coreógrafo e bailarino Francisco Camacho, “que dança nos maiores teatros do mundo e vai dançar no pavilhão da escola secundária”, no dia 22.

Durante seis dias de actividade artística, vão realizar-se em Moimenta da Beira, no distrito de Viseu, mais de 30 eventos, entre espectáculos de teatro, dança e música, sessões de cinema, exposições, performances, festas, conversas, palestras e aulas. O cantautor brasileiro Luca Argel, a coreógrafa e performer Sónia Baptista, a cineasta Leonor Teles, o realizador Rúben Gonçalves, as performers Nina Giovelli e Marta Ramos, as Sopa de Pedra e o DJ Narciso são outros dos artistas presentes em Moimenta da Beira.

Paralelamente ao “programa nuclear”, há um “paralelo, que tem missão de educação pela arte e de formação de públicos”, explicou o director artístico. “A ideia é a de que, neste programa paralelo, possamos trabalhar com as pessoas de Moimenta da Beira. Teremos workshops a acontecer desde os infantários até aos lares de terceira idade, fazendo uma coesão social e envolvendo as pessoas que vivem neste território”, frisou. As aulas e workshops’ contam com nomes como Leonor Barata, Mário Afonso, David Marques e Romulus Neagu. Todas as actividades serão de entrada livre, excepto um almoço comunitário solidário, no último dia, que terá um preço simbólico.

Um risco “urgente"

Desenvolver um projecto desta natureza em Moimenta da Beira, no distrito de Viseu, significa, por um lado, um risco, “porque o público que não está habituado” a este tipo de programação cultural, diz Luís Sá. “Mas, por outro lado, sublinha a força deste projecto, que é a urgência e a necessidade de ele acontecer”, frisou.

O coreógrafo disse que apesar de haver programação cultural em concelhos relativamente próximos, como Vila Real, Lamego, Viseu e Tondela, “uma grande fatia da população de Moimenta não tem acesso a estes pólos culturais”. O projecto Planalto quer “estar de mãos dadas com todos os projectos culturais que estão instalados na região”, por entender que só assim conseguirá contribuir para o desenvolvimento dos territórios do interior.

A primeira edição do festival Planalto tem “um orçamento muito baixo, entre 35 e 40 mil euros”, só sendo possível de realizar graças “ao esforço gigante” de várias entidades públicas e privadas e dos artistas. “Precisamos, no futuro, de conseguir mais parceiros, convencê-los de que estas iniciativas são importantes para a própria sustentabilidade”, afirmou. O objectivo foi “lançar já a semente em 2019, para que a árvore possa, a pouco e pouco, ir crescendo”, acrescentou.

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