Cidadãos de Guimarães já podem calcular a sua pegada ecológica

O município foi o primeiro do país a disponibilizar a calculadora ecológica no seu sítio na Internet. A ferramenta questiona os utilizadores sobre o impacto ecológico dos seus hábitos alimentares e do uso que fazem dos transportes e da habitação.

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Ines Fernandes / Publico

A calculadora ecológica já se encontra no site da Câmara Municipal de Guimarães, ao dispor de qualquer cidadão que queira conhecer o impacto ambiental do seu comportamento. Essa ferramenta permite ao seu utilizador prestar informação sobre os efeitos do uso da habitação, mas sobretudo à alimentação e aos transportes, os factores que mais contribuíram para o valor da pegada ecológica do concelho, em 2016 - 3,66 hectares globais de área bioprodutiva em 2016, valor que, em média, requereu a utilização dos recursos de 2,2 planetas Terra para aquele ano e ditou o seu esgotamento em 13 de Junho.

Tal como o cálculo da pegada média do concelho, a calculadora ecológica, apresentada nesta segunda-feira, no Laboratório da Paisagem, em Guimarães faz parte do projecto “Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses”, coordenado pela associação ambientalista ZERO, pela Global Footprint Network, organização internacional que criou o cálculo da pegada, e pela Universidade de Aveiro (UA). 

Além de perguntar a cada cidadão a frequência com que come carne ou peixe, a energia que gasta para aquecer a habitação, a quantidade de resíduos que produz ou o tipo de transporte que utiliza para medir o seu impacto ambiental, essa ferramenta permite também a cada cidadão verificar se a sua pegada é superior ou inferior ao valor médio de Guimarães, disse Sara Moreno Pires, da unidade de Governança, Competitividade e Políticas Públicas da UA.

Para a investigadora, a calculadora, enquanto dispositivo capaz de mostrar as áreas onde o cidadão mais afecta o ambiente, pode ajudar quem a utiliza a perceber qual a melhor forma de reduzir a sua pegada. A aplicação disponibilizada pela Câmara de Guimarães, acrescentou Sara Moreno Pires, pode ainda, no futuro, gerar dados sobre a pegada ecológica da população, quer por faixa etária, quer por nível de educação, apesar dos mesmos não serem cientificamente fidedignos devido à simplificação levada a cabo. “Prescindimos de algum nível de complexidade que poderia dar um resultado mais fidedigno. As questões são simples de perceber”, disse.

Como mudar de hábitos?

O representante da Zero na apresentação da calculadora ecológica, Paulo Magalhães, frisou, durante a sua intervenção, que a tecnologia, por si só, não resolve o “problema da sustentabilidade”, apesar dos dados obtidos pelos cidadãos quanto ao seu comportamento poderem incentivar uma “mudança de estilos de vida”.

Mas qual o caminho mais adequado para os cidadãos reduzirem de, forma sustentada, a sua pegada ecológica? Para Sara Moreno Pires, a resposta varia de acordo com as causas associadas à pegada ecológica. No caso da alimentação, factor responsável por 29% da pegada ecológica de Guimarães, em 2016, a investigadora defendeu que os indivíduos devem ter um papel activo na mudança, tentando controlar melhor o consumo de carne e de peixe, reduzindo o desperdício alimentar nas cantinas públicas e incentivando os comerciantes a venderem produtos locais.

Já no caso dos transportes, que, no caso vimaranense, correspondem a 21% da pegada, Sara Moreno Pires considerou que as autarquias têm um papel fundamental para reduzirem o impacto ambiental. As Câmaras podem consegui-lo, por exemplo, através do aumento da eficiência energética nos serviços públicos, mas também através de infra-estruturas como ciclovias, oportunidades para os cidadãos trocarem o carro pela bicicleta. “As infra-estruturas são críticas para haver opção de escolha”, disse. 

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