Alejandro Aravena encerra no Porto congresso sobre habitação acessível

O arquitecto chileno é um dos convidados do congresso internacional promovido pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, que ao longo de três dias vai mostrar o mapa da habitação económica e social em Portugal entre 1910 e 1974.

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Alejandro Aravena,Alejandro Aravena DR,DR
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Bairro de São João de Deus, no Paulo Pimenta
,Exposição Mundial Portuguesa
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Bairro de Belém, em Lisboa Horácio Novais

O arquitecto chileno Alejandro Aravena (n. Santiago do Chile, 1967) é um dos convidados do congresso internacional Habitação acessível. O legado do século XX. Aprendendo com o passado. Que futuro? Desafios e oportunidades, título por extenso (e em inglês no cartaz publicitário) da iniciativa da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) que vai decorrer de esta segunda a quarta-feira, entre o auditório daquela instituição e a Casa da Música.

O arquitecto distinguido com o Prémio Pritzker em 2016 e curador da Bienal de Veneza do mesmo ano vai encerrar, na Sala Suggia, o programa de palestras, mesas-redondas, visitas guiadas e uma exposição com uma conferência sugestivamente intitulada The right (left) to housing?, referência ao trabalho que Aravena vem desenvolvendo em prol da habitação social através do seu atelier Elemental.

O congresso vem encerrar três anos de trabalho de um projecto coordenado pelo arquitecto Rui Ramos, professor na FAUP, que incidiu sobre a produção de arquitectura habitacional em Portugal apoiada pelo Estado entre 1910 e 1974. Trata-se de conhecer e documentar a política da habitação em todo o país e como ela foi evoluindo entre a implantação da Primeira República e a vigência do Estado Novo até à Revolução do 25 de Abril.

Os responsáveis da Primeira República “tiveram uma produção legislativa relativa à política de habitação muito informada”, que depois foi, por um lado, alterada, mas também “apropriada pelo Estado Novo, que no essencial defendeu a classe que apoiava o regime, com muitas hesitações relativamente à população mais carenciada”, resume Rui Ramos, em declaração ao PÚBLICO.

Ao longo de três dias, vários arquitectos, professores e historiadores, nacionais e estrangeiros, vão debater no Porto a evolução das políticas de habitação em Portugal, e não só. Entre os oradores convidados estão Mark Swenarton, historiador, crítico e professor de Arquitectura da Universidade de Liverpool; Franz Graf, arquitecto, investigador e professor nas escolas de Mendrisio e Lausanne, na Suíça; e Leandro Medrano, arquitecto e professor na Universidade de São Paulo. A estes juntam-se figuras como os portugueses Helena Roseta, Virgílio Borges Pereira, Eliseu Gonçalves, Gonçalo Canto Moniz, Ana Tostões e José António Bandeirinha.

No programa do congresso está também a estreia do documentário Morada, realizado pelo arquitecto Luís Urbano, que dá a conhecer precisamente o objecto de estudo do Mapa de Habitação dirigido por Rui Ramos; e ainda uma exposição documental, na galeria da FAUP, relativa às mais de seis centenas de bairros citados no estudo, com uma atenção especial a quatro complexos habitacionais na cidade do Porto: os bairros do Lagarteiro (arquitecto Paulo Tormenta Pinto), Pio XII (atelier Menos É Mais, dos arquitectos Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos), São João de Deus (Nuno Brandão Costa) e Rainha Dona Leonor (Inês Lobo).

Depois do congresso, o resultado da investigação sobre este Mapa da Habitação vai ser registado numa publicação que Rui Ramos define como “um glossário” que, através da explicação do significado de termos específicos, fará “a súmula de todo o levantamento que foi feito nos últimos três anos por todo o país”.

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