O PS não bate certo

Com esta crise aberta pelo próprio PS, quem será beneficiado ou penalizado? A manobra é perigosa. Servir-se da instabilidade para se dar ares de rigoroso pode ser um passo em falso. Não bate certo.

Toda a gente sabe que a crise financeira vivida pelo país foi provocada pela ganância e incompetência dos banqueiros portugueses. Foi a banca quem gerou a crise. Por causa dela os portugueses estão a pagar o descalabro do sistema financeiro. Quase 20 mil milhões de euros. 

Não foram os professores, nem os magistrados, nem os funcionários judiciais, nem a polícia quem deu causa à crise. Estes trabalhadores e todos os outros foram vítimas e estão a pagar o mal do setor bancário.

Os professores têm direito à contagem de todo o tempo de trabalho, como todos os que trabalham e descontam. São credores do Estado e não devedores. Centeno assume no seu ar tecnocrático que o Estado português tem de cumprir os seus compromissos, mas pelos vistos há compromissos que não são para cumprir...

O PS pode à vontade votar com a direita questões de grande relevância, mas caso a direita se posicione em consonância com partidos da esquerda grita Aqui d’ El-Rei. Só mesmo o sorridente Centeno era capaz de se manifestar preocupado pela esquerda deixar passar a direita para que o tempo de trabalho dos professores seja contado...

Cabe fazer esta pergunta ao PS, apesar do barulho: após as próximas eleições, com quem vai governar não tendo maioria absoluta, como tudo indica que acontecerá? Aliás, quantas vezes o PS nesta legislatura teve os votos da direita?

O que o PS está a fazer é uma manobra, por um lado, de intoxicação, adiantando números relativos a despesa que mais ninguém confirma, e, por outro lado, de pura chantagem, dirigindo-se ao eleitorado vitimizando-se e dando a entender que não o deixam “salvar o país” e a credibilidade internacional. É demasiado.

Diabolizando os professores, a Assembleia da República e os seus parceiros da “geringonça”, o PS decidiu entrar em roda livre para buscar ganhos que lhe escaparam nos últimos meses devido a má gestão política.

Pior: desculpabiliza os verdadeiros culpados pela situação calamitosa do país e faz crer que foi encostado à parede pela Assembleia da República, a qual é soberana e diante da qual o Governo responde.

Agita a instabilidade congeminando a ideia de que se se demitir a escassos meses das eleições e ficando em gestão se apresentará vítima de todos os partidos. Para tanto, Costa ataca a direita e Centeno a esquerda. Porém, o Governo só não governa porque não quer.

Com esta crise aberta pelo próprio PS, quem será beneficiado ou penalizado? A manobra é perigosa. Servir-se da instabilidade para se dar ares de rigoroso pode ser um passo em falso. Não bate certo.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

Sugerir correcção
Ler 3 comentários