Uma honra para a nossa civilização

Quando abandonados ou escassamente habitados, os lugares tornam-se amnésias, conservando apenas um chão onde se vão acumulando desgaste e sedimentos que vão apagando a matéria própria da construção de sentido do lugar.

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Álvaro Domingues

Tal como a ferrovia, a Auto-Estrada não Urbana (Townless Highway) constituiria uma instituição em si própria, um sistema. Seria sempre uma via de atravessamento e não uma estrada local. Deveria por isso seguir a sua própria topografia. Deveria basear-se nos princípios da era da motorização e não na lógica das carroças ou dos caminhos-de-ferro; muito se pode aprender ou ignorar a partir de ambos os exemplos. Deveria evitar portagens e estradas locais. Evitaria também as grandes e as pequenas cidades, seguindo traçados não demasiado afastados por territórios menos desenvolvidos. Aí deverão localizar-se as estações de serviço, conectando a auto-estrada com as cidades próximas. Entre as estações, a via seria uma via livre. (…) Rapidamente o motorista percorreria o campo; vê-lo-ia à medida que o atravessasse. Quer estivesse viajando por puro prazer, quer pela necessidade de chegar a algum lugar, os seus principais objectivos seriam satisfeitos pela Auto-Estrada não Urbana: o automóvel deve tornar-se uma honra para a nossa civilização mecânica e não uma sua negação [1].

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