Morreu o Repórter Estrábico Luciano Barbosa

Era o vocalista e ideólogo dos Repórter Estrábico, um influente grupo que marcou essencialmente os anos 1990 com um rock electrónico onde imperava o humor e ideias visuais pop. Luciano Barbosa tinha 60 anos.

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Luciano Barbosa em 2017 quando os Repórter Estrábico voltaram ao activo Paulo Pimenta
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Os Repórter Estrábico nos anos 1990 DR
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Luciano Barbosa em 1987 DR
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Concerto em 2017 Paulo Pimenta
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,Concerto de rock
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O vocalista dos Repórter Estrábico, Luciano Barbosa, o líder e a figura carismática do projecto do Porto, que marcou essencialmente as décadas de 1980 e 1990, morreu na última quinta-feira à noite, confirmou o PÚBLICO junto do irmão Rodrigo Vaz. Não são conhecidas as razões do óbito. A cerimónia fúnebre realizou-se este domingo de manhã. O músico contava 60 anos de idade.

Nascido em Londres, foi no Porto do meio dos anos 1980 que Luciano Barbosa, de seu verdadeiro nome Gonçalo Vaz, se iniciou nas lides musicais. Com um longo historial, embora marcado por muitos interregnos, os Repórter Estrábico, autores de canções como Lolita, Biltre!, Mama papa, Pois, pois ou John Wayne, tinham voltado aos concertos em 2017, depois de uma paragem de cerca de dez anos, e o ano passado haviam lançado o single Separa o lixo, sendo Luciano Barbosa acompanhado por Anselmo Canha, Paulo Lopes e Manuel Ribeiro. Nessa altura, em declarações à Lusa, Luciano Barbosa dizia: “Há bandas que andam toda a vida à procura do seu próprio som, e acho que nós encontramo-lo logo, e temo-lo mantido e melhorado.”

É verdade. Logo ao primeiro álbum o grupo deu novo oxigénio ao panorama da música popular feita em Portugal com o álbum Uno Dos (1991), ainda hoje um dos melhores registos de pop electrónica que por aqui se criaram, composto por canções imaginativas e caleidoscópicas, com um toque de humor, que tanto expunham influências rock como das electrónicas, utilizando então o colectivo caixa-de-ritmos e samplers, numa altura em que esse estava longe de ser o modelo dominante. Aliás essa matriz electrorock, com guitarras rock e dinamismos dançantes, num vasto espectro de influências (Suicide, Clash, Can, Kraftwerk ou Bacharach), nunca a perderam de vista nos álbuns 1bigo (1994), Disco de Prata (1995), Mouse Music (1999), Requiem (2002) e Eurovisão (2003).

Ao longo dos anos existiram várias entradas e saídas do grupo (José Ferrão, Paula Sousa, João Bruschy ou o artista plástico António Olaio foram algumas delas) mantendo-se sempre Luciano Barbosa como figura central. Para além da música, existia nos seus espectáculos ao vivo uma componente performativa vincada (em especial no início, com a presença física de António Olaio a sobressair) e referências à arte pop, marcadas sempre pelo humor quotidiano ou pela sátira política.

A dimensão visual foi sempre determinante na actividade global do projecto, o mesmo acontecendo com os jogos referenciais, seja com alusões às celebridades da TV ou cinema ou à sociedade de consumo, definindo um território próprio, onde todos os materiais da cultura popular (a música, mas também a imagem, a BD ou a publicidade) eram reavaliados segundo uma atitude crítica e iconoclasta, mas também afectuosa.

Em 2005, quando o grupo celebrava 20 anos de vida, Luciano Barbosa, dizia ao PÚBLICO, em jeito de balanço, que, embora nunca tenham atingido patamares de vendas transcendentes, cotando-se antes como um fenómeno de culto, havia duas coisas que destacava do seu percurso. Uma delas era a “persistência, uma pessoa dar conta que anda há tanto tempo nisto e de que a luta continua”. E a outra é chegar à conclusão que “em si, as canções são mesmo boas.” Vale a pena continuar a ouvi-las.

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