“Geringonça” critica Costa, não recua e empurra problema para a direita

PCP, BE E PEV usam palavras duras nas críticas ao primeiro-ministro.

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As primeiras reacções mostram que nenhum dos partidos à esquerda do PS que apoiam o Governo vai recuar no voto da contabilização de todo o tempo de serviço dos professores. PCP, BE E PEV referem-se ao anúncio da possível demissão de Costa com palavras como “inaceitável”, “ultimato” e “chantagem”, mas passam todos a ideia de que o problema é agora do PSD e CDS.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou o anúncio de Costa como “inaceitável”. Disse mesmo achar “profundamente estranho que o Governo avance com uma pressão inaceitável sobre quem está de acordo com este avanço, que só se entende por mero calculismo político e eleitoral”.

“Vamos manter a nossa proposta e o nosso empenhamento para que [a lei] seja aprovada. O nosso compromisso não é com o PS é com os trabalhadores e com o povo”, sublinhou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, após um comício em Coimbra.

Comentando as palavras de António Costa sobre o encargo financeiro de algumas centenas de milhões de euros que a medida representa, Jerónimo de Sousa lamentou que o primeiro-ministro “não tivesse a preocupação dos portugueses que têm de pagar, por exemplo, mil milhões de euros que foram atribuídos recentemente ao sector financeiro”. “Dois pesos e duas medidas, mas continuamos a dizer que é possível concretizar esse objectivo, que é preciso andar para a frente e ter em conta a sua justeza”, referiu o líder comunista.

Catarina Martins, coordenadora do BE, criticou e a precipitação do “ultimato do Governo à direita” ao trazer uma “instabilidade política dispensável”, considerando “triste e errado” dar-se a PSD e CDS-PP “o prémio” de decidir se a legislatura chega ao fim.

“A direita sempre disse que os acordos à esquerda seriam um fogacho e não chegariam ao fim da legislatura. Dar agora, a essa mesma direita, o prémio de decidir se a actual solução política cumpre ou não a legislatura até ao fim é triste e é errado”, condenou, considerando que este ultimato é “uma precipitação”.

“O ultimato do Governo à direita vem introduzir uma instabilidade política que nos parece dispensável”, lamentou, citando o primeiro-ministro que, na declaração que fez ao país, afirmou que BE e PCP foram coerentes com a sua posição.

O Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), por sua vez, anunciou também que não pretende alterar o sentido de voto e classificou a declaração do primeiro-ministro ao país como “chantagem”.

“Relativamente a esta chantagem, que não tem outro nome, que o senhor primeiro-ministro hoje veio fazer, eu quero dizer que “Os Verdes” consideram que é absolutamente inadmissível, é inaceitável esta forma como o Governo procura agora condicionar a Assembleia da República”, afirmou a deputada Heloísa Apolónia, numa declaração aos jornalistas na Assembleia da República.

O PEV considerou que António Costa recorreu a uma “injusta chantagem” e “nem falou verdade nas declarações que fez, quando fala do impacto, designadamente, para o ano de 2019 das propostas que foram apresentadas”, dado que estas propostas “não têm qualquer impacto orçamental ao nível do ano de 2019”.

Direita critica teatro e fantochada

O PSD não falou sobre a ameaça de demissão do Governo depois de o primeiro-ministro a concretizar, mas anunciou uma reunião da comissão política. À hora do almoço, à margem de uma visita à Feira do Móvel, Rui Rio disse, no entanto, que o executivo está a fazer um “golpe de teatro” ao convocar uma reunião de urgência para debater a aprovação pelo Parlamento da contabilização total do tempo de serviço dos professores.

“Isto é um golpe de teatro, porque está a correr mal ao Governo a campanha europeia. E está a tentar fazer este golpe de teatro e enganar as pessoas”, afirmou o líder social-democrata, sublinhando que a ameaça não teria "efeito prático nenhum”.

O líder da oposição sublinhou, por outro lado, que “aquilo que será aprovado com os votos do PSD, se for aprovado no plenário do Parlamento, de certeza absoluta” que cumpre aquilo que sempre disse e não terá “nenhum impacto orçamental que esteja para lá daquilo que são as capacidades orçamentais do país”.

Pelo CDS, Assunção Cristas acusou o António Costa de colocar Portugal numa crise política baseada em mentiras - uma fantochada -, continuando a negar que a recuperação do tempo de serviço dos professores coloque em causa as contas públicas. “Um primeiro-ministro que não se demite quando morrem 116 pessoas nos incêndios é o mesmo que empurra o país para uma crise política a propósito apenas, sublinho, apenas, da obrigação de negociar com os professores”, afirmou, anunciando que pediu uma audiência ao Presidente da República. 

“É mentira que esteja em causa mais despesa para este orçamento. É mentira que haja compromissos novos assumidos para o futuro além dos dois anos e nove meses assumidos pelo Governo. É mentira que se coloquem em causa as contas públicas. Com base em três mentiras, o primeiro-ministro põe o país numa crise política de forma irresponsável”, acrescentou. ​Com Lusa

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