Um vídeo censurado pôs os polacos a protestar de banana na mão

O Museu Nacional de Varsóvia anunciou que vai retirar a instalação de Natalia LL, que mostra uma mulher nua a comer uma banana, por considerar que esta pode “ofender as pessoas mais vulneráveis”. Os polacos manifestaram-se em frente ao museu: levaram bananas, comeram-nas e tiraram #bananaselfies.

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REUTERS/Kacper Pempel

De bananas em punho (que acabaram por ser comidas), foram cerca de mil as pessoas que se juntaram, esta segunda-feira, 29 de Abril, em frente ao Museu Nacional de Varsóvia, na Polónia. Os polacos saíram à rua para se manifestar, depois de um vídeo da série Consumer Art — onde se vê uma mulher nua a comer uma banana —ter sido retirado da galeria de exposição do museu. Apelidam a medida de “censura” e iniciaram um movimento nas redes sociais: o #bananaselfie.

A obra é da artista polaca Natalia LL, conhecida pela criação de imagens de vanguarda feministas, e esteve vários anos em exposição. Foi retirada na semana passada depois de o director do museu, Jerzy Miziolek, alegadamente ter sido convocado por Piotr Glinski, ministro da Cultura; mas acabou por ser reposta, estando, neste momento, em exibição. Contudo, deverá sair permanentemente de exposição a partir de 6 de Maio — data em que a galeria sofrerá uma reorganização —, juntamente com uma instalação de Katarzyna Kozyra, em que uma mulher passeia dois homens de coleira, vestidos como animais.

Ao site de notícias Onet.pl, Miziolek disse opôr-se à mostra de “trabalhos que poderiam ofender as pessoas mais jovens e vulneráveis”. Comentários levaram a uma onda de indignação: os manifestantes acusam o museu e o Ministério da Cultura de censura e, além dos protestos, vários artistas, actores e políticos polacos começaram a publicar fotografias com bananas, acompanhadas de hashtags como #bananaselfie, #jesuisbanan ou #bananagate.

O director do museu nega, contudo, que as alterações à galeria sejam um acto de censura ou desrespeito pelos trabalhos e o papel de Natalia LL na arte polaca. Em comunicado citado pela CNN, Miziolek referiu que há “mudanças criativas que têm que ser feitas” devido ao espaço limitado da galeria e que a decisão era parte de uma “visão dinâmica do funcionamento da instituição”. Nega também ter sido convocado por Piotr Glinski: “Não fui chamado pelo ministro da Cultura e todas as decisões foram tomadas pessoalmente, depois de consultar especialistas na área de arte do século XX e XI.” E o Ministério corrobora: “O director do Museu Nacional de Varsóvia não foi chamado pelo ministro acerca da reorganização da galeria”, afirmam, em comunicado, citado no mesmo texto. 

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REUTERS/Kacper Pempel

​Glinsky já enfrentou várias críticas no passado, não só por ter cortado subsídios para festivais de arte que incluíam algumas peças controversas de temas católicos, mas também por ter demitido o director de um teatro que o criticou e o director do Museu da Segunda Guerra Mundial, sob a justificação de não mostrar o sofrimento e heroísmo dos polacos. 

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