Justiça venezuelana manda prender Leopoldo López e Maduro marcha com exército

Presidente da Venezuela mostra que o poder militar está do seu lado e diz que “chegou a hora de combater para defender o direito e a paz”.

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Leopoldo López e Juan Guaidó, quando o líder da oposição foi libertado Miguel Gutierrez/EPA
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Maduro e Padrino à cabeça do desfile militar Palácio Miraflores/EPA

Um tribunal de Caracas ordenou esta quinta-feira a prisão do líder da oposição Leopoldo López, que se refugiou na embaixada espanhola, após ter sido solto por ordem de Juan Guaidó, o presidente interino, no início da operação com que a oposição venezuelana tentou derrubar o Governo de Nicolás Maduro.

Leopoldo López cumpria em prisão domiciliária parte da pena de 13 anos e nove meses de prisão a que tinha sido condenado, por ter sido responsabilizado pelas manifestações de 2014 contra o Governo que resultaram em várias mortes, depois de ter passado vários anos na prisão de Ramo Verde, conhecida por ser onde os presos políticos do regime são torturados. Agora, o tribunal ordena que os serviços secretos militares (Sebin) prendam o líder do partido Vontade Popular (o mesmo de Guaidó) e o levem de volta para Ramo Verde.

É um endurecimento da reacção do regime, depois de ao romper da manhã o Presidente, Nicolás Maduro, ter feito prova de que os militares estão com o seu Governo. Participou num desfile militar em Caracas, com o ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino, ao seu lado, para dar voz de comando às tropas para defenderem o chavismo.

“Chegou a hora de combater, de dar um exemplo à História e ao mundo e dizer que na Venezuela há uma força armada consequente, leal, unida como nunca e derrotando intentonas golpistas e traidores que se vendem aos dólares de Washington”, disse a 4500 militares em Caracas.

Maduro apelou às Forças Armadas para combaterem, “sem medo”, “qualquer golpista”. “Sim, estamos num combate. Máximo moral nesse combate para desarmar qualquer traidor, qualquer golpista”, disse, citado pelo jornal venezuelano El Nacional. A marcha foi transmitida em directo pela televisão estatal.

Esta demonstração de músculo ocorreu dois dias depois de Juan Guaidó ter anunciado a fase definitiva da insurreição contra Maduro e o Governo chavista que pôs em marcha em Janeiro, quando declarou Maduro “usurpador” e se proclamou presidente interino, sendo reconhecido por mais de 50 países, entre eles os Estados Unidos e o bloco europeu.

O aparelho policial travou as manifestações, e o balanço dos confrontos entre polícia e civis é de quatro mortos, 130 feridos e 205 detidos, segundo a organização não governamental Provea. A insurreição perdeu fôlego na quarta-feira, depois de notícias contraditórias sobre negociações em curso para uma transição acordada com membros da elite chavista. 

Guaidó pediu à população para se manter nas ruas, marcou uma greve do sector público progressiva até uma greve geral (ainda não agendada) e apelou às chefias militares para apoiarem a mudança de regime. Na terça-feira, tinha a seu lado um oficial de alta patente, Cristopher Figuera (director do Sebin, já substituído) que não voltou a ser visto em público e há uma ordem de prisão contra ele.

A desejada passagem dos quartéis para a oposição não aconteceu. Terça-feira, ao fim do dia, a cúpula militar deu apoio ao Presidente.

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