Biden vai à frente na lista de democratas e Trump começa a estar enervado

Uma sondagem da CNN dá ao ex-vice-presidente uma vantagem de 15 pontos entre os mais de 20 pré-candidatos democratas. E está bem posicionado nos estados que deram a vitória ao Presidente.

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Joe Biden JONATHAN ERNST/Reuters

A rápida ascensão de Joe Biden como favorito à candidatura presidencial pelo Partido Democrata em 2020 está a enervar o Presidente Donald Trump e a irritar colegas de partido, que acreditam que é um perigoso rival.

Mal abandonou o papel do indeciso - ao anunciar a candidatura na semana passada, depois de meses a hesitar -, passou para o primeiro lugar nas sondagens sobre os candidatos democratas, afastando-se do senador Bernie Sanders e de uma série de outros rivais. Uma sondagem da CNN dá a Joe Biden uma vantagem de 15 pontos entre os mais de 20 candidatos que anunciaram querer disputar a nomeação democrática nas primárias do ano que vem.

E alguns conselheiros de Trump olham para Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama e apela aos eleitores do mainstream, como um adversário difícil nos três estados que levaram Trump à vitória em 2016 - Michigan, Wisconsin e Pensilvânia. Perder qualquer um desses estados em 2020 comprometeria a reeleição de Donald Trump. “Eles acreditam que estão em apuros e que Biden é uma ameaça real”, disse um assessor de Trump, sob condição de anonimato.

A primeira resposta de Trump à entrada de Biden na corrida foi usar uma fórmula batida: fez troça do democrata - chamou-lhe “soporífero Joe Biden" e insultou a sua inteligência. “Fui conhecendo Joe ao longo dos anos - explicou Donald Trump na Fox News -, ele não é o farol mais brilhante do grupo, mas tem um nome que todos conhecem”.

Trump publicou uma série de tiradas no Twitter, depois de o maior sindicato de bombeiros ter dado o seu apoio a Biden - e republicou uma série de publicações de bombeiros críticos de Biden e apoiantes de Trump.

Porém, alguns próximos do Presidente disseram que Trump não está particularmente preocupado com a entrada deste democrata na corrida por ser demasiado cedo; o processo de escolha do seu adversário só começa no início de 2020.  A conselheira da Casa Branca Kellyanne Conway disse que Trump não vê Biden como a maior ameaça. “Não, mas é engraçado lembrar às pessoas quem ele é, e talvez ele seja um alvo fácil e acabou de anunciar a sua candidatura”. 

Aliados de Trump disseram que Biden pode ser triturado pelo enorme e diverso grupo de candidatos democratas, muitos posicionados à esquerda de Biden e a trazer para o debate temas como o aumento de impostos para americanos mais ricos e um sistema de saúde gerido pelo Governo.

Enquanto os democratas se estiverem a movimentar para a esquerda, disse David Urban, consultor político e assessor de campanha de Trump em 2016, “agradam-me as nossas possibilidades, seja quem for que vá na frente na lista dos democratas”.

 A campanha de reeleição de Trump disse acreditar que quem quer que surja como o candidato democrata terá que adoptar posições políticas em dissonância com a maioria dos norte-americanos. “Não há uma rota centrista nas primárias democratas”, disse o director de comunicações da campanha de Trump, Tim Murtaugh. “Nós olhamos para eles como um grande organismo liberal com 28 cabeças.”

Ainda assim, há sinais de alerta para Trump.

Foram curtas as suas margens de vitória em 2016 sobre a democrata Hillary Clinton no Michigan, Wisconsin e Pensilvânia - com a ajuda de eleitores do sector operário que já tinham votado no Partido Democrata mas optaram por Trump. Os conselheiros de Trump disseram que não vai ser fácil repetir estes resultados cruciais no ano que vem.

Biden, um ex-senador pelo estado do Delaware, fez o seu primeiro comício na Pensilvânia e rapidamente pôs o foco da campanha na batalha contra Trump e não na luta pela nomeação contra os adversários democratas.

Uma pessoa próxima de Trump disse que neste momento os números indicam que Biden está bem posicionado na Pensilvânia e no Wisconsin, e potencialmente noutros dois estados ganhos por Trump, Florida e Carolina do Norte. Se isso acontecer, disse a fonte, será difícil Trump compensar as perdas com vitórias noutros estados para chegar aos 270 votos do Colégio Eleitoral necessários para a vitória.

“Não há muito espaço para expandir o mapa (eleitoral) em relação aos resultados anteriores”, disse este confidente de Trump.

Em resposta a Biden, Trump divulgou dados que mostram bons indicadores económicos na Pensilvânia, onde o desemprego está em baixa histórica. Mas alguns aliados disseram que Trump está a ser prejudicado por não ter sido disciplinado para saber vender a boa prestação económica, por não ter um plano para rever os serviços de saúde e pela sua preocupação com os imigrantes na fronteira Sul dos EUA.

Acrescentam também que o Presidente tem tempo para afinar a sua mensagem até às eleições em Novembro de 2020. “Temos um longo caminho a percorrer”, disse outro próximo de Trump. 

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