Assunção Cristas “não se revê” nas passadeiras arco-íris de Lisboa

A líder centrista diz que o partido não se revê em iniciativas destas e quer garantir que situações semelhantes não se voltarão a repetir.

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Daniel Rocha/Arquivo

Assunção Cristas, líder do CDS, reagiu durante a tarde de quinta-feira à polémica gerada em torno da proposta de pintura de duas passadeiras da Avenida Almirante Reis, em Lisboa, com as cores do arco-íris. Em comunicado, a presidente do CDS e o presidente da concelhia de Lisboa, Diogo Moura, demarcam-se da recomendação apresentada pelos eleitos do CDS para a assembleia de freguesia da Arroios, na qual propunham que duas passadeiras da Avenida Almirante Reis fossem pintada com o arco-íris, em homenagem à comunidade LGBTI.

No email a que o PÚBLICO teve acesso, Cristas esclarece ainda que a direcção nacional do partido não teve “qualquer conhecimento prévio” e que muito menos assentiu tal medida. “A defesa da não-discriminação de qualquer pessoa, que como humanistas perfilhamos, encontra formas mais adequadas de acção”, escreveu a líder dos centristas. A mensagem termina sublinhando que “o CDS não se revê neste tipo de iniciativas" e que “a estrutura concelhia de Lisboa garantirá que situações destas não tornem a ocorrer”.

Esta recomendação, que não tem carácter vinculativo, gerou algum desconforto dentro do partido. Ribeiro e Castro, antigo presidente do partido, considerou que “uma passadeira arco-íris de afirmação LGBTQQICAPF2K+ é uma passadeira exclusiva e discriminatória”.

“Uma passadeira de peões a preto-e-branco é uma passadeira inclusiva: serve a toda a gente e não discrimina ninguém em função da orientação sexual. Foi sempre assim: passadeiras para todos. Uma passadeira arco-íris de afirmação LGBTQQICAPF2K+ é uma passadeira exclusiva e discriminatória: discrimina os passantes em função da orientação sexual. Será uma passadeira apenas para exaltação de alguns” escreveu na sua página no Facebook.

Também Pedro Pestana Bastos, ex-deputado, antigo membro da comissão política do CDS, que foi candidato pelo partido à Câmara de Loures, manifestou o seu desagrado na rede social, chamando aos autores da recomendação de “moderninhos”.

“Bem sei que para alguns por vezes é cool aparecer com uma imagem moderninha mas isto é um completo disparate. O dinheiro dos contribuintes (mesmo se a despesa não for grande) não é para gastar em fantochadas e temos de dar o exemplo. Acresce que as passadeiras por razões de segurança nos termos do regulamento de sinalização são obrigatoriamente brancas. Não há passadeiras Arco-íris. Não brinquem com coisas sérias”, disse o actual conselheiro nacional do CDS.

Os eleitos do CDS que subscreveram a proposta também emitiram um comunicado em que esclarecem ser “exclusivamente” sua a autoria da recomendação apresentada, “rejeitando em absoluto qualquer tentativa de colagem a uma posição oficial do CDS, em Lisboa ou nacional”.

“Entendemos que, após ponderação, a recomendação sobre as passadeiras, enquanto mero ato simbólico e de combate à discriminação, foi mal compreendida, já que foi alvo de uma colagem à ideologia de género, matéria e ideologia que, no nosso entendimento, já nada tem que ver, porque vai muito além, do respeito e da tolerância e da não discriminação; é uma ideologia que não partilhamos”, escreveram Frederico Sapage e Vítor Teles. E lamentam o “aproveitamento e desvirtuamento” feito à volta da iniciativa, e que esta tenha servido para “envolver as estruturas dirigentes do partido, para efeitos de qualquer polémica”.

“Somos a favor do princípio da não-discriminação, o que em nada se confunde com as políticas de ideologia de género que muita esquerda pretende impor, e a que claramente nos opomos”, rematam.

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