Paulo Macedo: Notícias negativas sobre a CGD agradam a “concorrentes e ressabiados”

O banco público arrancou os primeiros três meses do ano com um crescimento de 85% dos lucros para um total de 126,1 milhões de euros. Paulo Macedo revelou que a auditoria da EY está a afectar a reputação da CGD.

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Nuno Ferreira Monteiro

A CGD fechou os primeiros três meses do ano com um lucro de 126,1 milhões de euros, mais 58 milhões de euros, que representam um crescimento de 85% face ao registado no período homólogo de 2018. Expurgadas as mais-valias resultantes de operações, nomeadamente da venda de um imóvel (na Rua do Ouro, foi vendido ao grupo Sana por 60 milhões de euros​), o lucro trimestral teria crescido apenas 55%.

A administração liderada por Paulo Macedo confirmou que vai propor ao accionista Estado a distribuição de 200 milhões de euros em dividendos.

O presidente do banco público sublinhou, durante a apresentação das contas trimestrais, que a rentabilidade dos capitais próprio (ROE) é de 6,6% e que tem um rácio Tier 1 total – que mede a solidez da instituição - de 17,4%. Nos dois casos, trata-se de uma melhoria face ao trimestre homólogo. No entanto, no caso da rentabilidade, a Caixa continua ainda longe da meta de 9% definida para 2020 no âmbito dos objectivos acordados com Bruxelas para aceitar a recapitalização de 5,9 mil milhões de euros.

As declarações foram realizadas durante a apresentação das contas trimestrais, período em que os recursos totais da actividade doméstica se cifraram em 72.874 milhões de euros.

O líder da CGD destacou o bom desempenho da CGD, com os lucros a subirem 85% e a melhoria em dois dígitos do negócio central do banco. E realçou ainda a maior robustez dos rácios de capital (antes de distribuir dividendos).

Em relação aos créditos problemáticos (NPL, na sigla inglesa), o rácio do grupo CGD situa-se agora em 7,8%, com uma cobertura por imparidades e por colateral de 62,8% e de 40,2%, respectivamente. A cobertura total é de 103%. Já o rácio de créditos problemáticos a mais de 90 dias é inferior a 5%. De Dezembro de 2016 até Março de 2019, o valor do crédito malparado reduziu-se em 55%, ou seja 5,8 mil milhões de euros.

Nas comissões, a Caixa registou um aumento de 4,8% em termos homólogos, tendo os custos de estrutura do banco recuado 5,3%.

O contributo da actividade internacional da CGD para o lucro total trimestral de 126,1 milhões foi, por seu turno, de 40 milhões de euros (38 milhões em 2018). O BNU Macau contribuiu com 17 milhões, o BCI Moçambique com oito milhões, a sucursal em França com seis milhões e outras operações contribuíram com nove milhões.

A CGD registou integralmente no primeiro trimestre todos os custos regulatórios, incluindo as contribuições para os Fundos de Resolução nacional e europeu, bem como taxas. O custo foi de 71,6 milhões de euros.

No que diz respeito ao quadro de pessoal, para 2019 a CGD contempla a redução líquida de 570 postos de trabalho. Segundo Macedo, o plano passa pela saída de 380 trabalhadores por reformas e pré-reformas e de 290 trabalhadores por rescisões por mútuo acordo e fim de contrato.

CPI custou 10 pontos na reputação 

O banqueiro aproveitou a conferência de imprensa para comentar os efeitos que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da Caixa está a ter no banco, na sequência da auditoria encomendada à EY que revelou perdas substanciais na sequência de actos de gestão, em particular o não cumprimento das recomendações do risco na concessão de créditos que se vieram a revelar ruinosos. Sobre este tema, Paulo Macedo alegou que a CPI aos actos de gestão da CGD teve efeitos na imagem do grupo de tal maneira que os danos relacionados resultaram numa perda de 10 pontos no índice de reputação.

E sobre as notícias negativas acerca da Caixa, em torno dos factos que têm sido divulgados relativos a actos polémicos, Macedo sublinhou que “os mais entusiastas [com as CPI à CGD] são os nossos concorrentes e alguns ressabiados”, sem identificar nomes. Ainda assim, concluiu: “há que aprender com [os erros] do passado”.

Acerca do tema da auditoria à gestão dos seus antecessores, Paulo Macedo disse que os três escritórios de advogados contratados pela CGD para analisar os actos de gestão das anteriores administrações são a Vieira de Almeida, a Linklaters e a Serra Lopes, Cortes Martins e Associados. O antigo ministro da Saúde acrescentou que não espera resultados do trabalho antes do Verão.

Notícia corrigida, e título alterado, às 11h35 de dia 3 de Maio para reflectir de forma mais completa a frase de Paulo Macedo sobre a CPI

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