O trabalhador português ainda tem maioritariamente o ensino básico

Há mais homens do que mulheres empregados, e entre os desempregados a tendência inverte-se. Trabalhar por conta de outrem e no sector terciário é a situação mais comum em Portugal

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Apenas seis por cento dos trabalhadores portugueses trabalha no sector primário Paulo Pimenta

A escolaridade obrigatória até ao 12.º ano pode estar em vigor em Portugal há dez anos, mas isso ainda não é completamente reflectido no perfil do trabalhador português que continua, em grande parte, a ter apenas o ensino básico. A informação consta de uma compilação de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), a partir da base Pordata, que indica que 45% dos trabalhadores nacionais não concluíram a escolaridade além do 9.º ano.

Segundo as informações recolhidas pela FFMS, neste momento há cerca de 4,9 milhões de pessoas a trabalhar em Portugal e quase 366 mil desempregados. O perfil traçado a partir da base de dados Pordata aponta para que, entre os trabalhadores, 51% sejam homens e, destes, apenas 4% trabalham a tempo parcial. Entre os trabalhadores do sexo masculino, 30% estão no sector terciário (comércio e serviços) e apenas 4% no sector primário, enquanto 41% trabalham por conta de outrem.
Se olharmos para o universo das mulheres (49% de todos os portugueses que trabalham) o cenário não é muito diferente: 6% trabalham a tempo parcial, 39% estão empregadas no sector terciário e 43% têm patrão.

Juntem-se de novo os sexos e o perfil traçado pela FMMS aponta para a enorme percentagem dos trabalhadores que ganham o seu salário no sector terciário – 69% do total de trabalhadores – por oposição à pequena percentagem daqueles que trabalham no sector primário e que são apenas 6%.

A grande força de trabalho está na população que tem entre 24 e 44 anos (46%), mas também há ainda 5% de trabalhadores que têm 65 anos ou mais e 6% na faixa etária entre os 15 e os 24 anos. A esmagadora maioria trabalha a tempo inteiro (89%) e por conta de outrem (83%). Se estes 83% correspondessem a 83 pessoas, 65 delas estariam efectivas nos seus empregos, enquanto 15 teriam contratos a prazo, havendo ainda três pessoas a trabalhar em regime de prestação de serviços.

No que se refere ao nível de escolaridade, ainda que a junção dos trabalhadores que têm o ensino secundário (27%) e o ensino superior (27%) constitua a fatia mais significativa (num total de 54%), isoladamente, são os trabalhadores que têm o ensino básico que alcançam a maior percentagem, representando 45% dos trabalhadores. Há apenas (ou ainda) 1% de trabalhadores que não têm qualquer escolaridade.

No universo laboral nacional, 14% têm como patrão o Estado, ou seja, trabalham na função pública, sendo a administração central a que absorve mais trabalhadores. Se falássemos de 14 trabalhadores, 11 deles estariam na administração central, 2 na administração local e um na administração regional.

Do outro lado da balança estão os desempregados e aqui, no que se refere ao género, invertem-se as posições: as mulheres (52%) ultrapassam os homens (48%). Não há grandes mudanças, contudo, no que diz respeito à idade e ao nível de ensino: a maioria dos desempregados tem entre 25 e 54 anos (62%) e o ensino básico (45%).

Se olhássemos para o universo dos desempregados em Portugal como se fosse cem pessoas, 12 delas estariam à procura do primeiro emprego e 88 em busca de um novo trabalho. No mesmo cenário, estaríamos a olhar para 49 pessoas que estão desempregadas há menos de um ano, 35 que não têm emprego há 25 meses ou mais e 16 que estão desempregadas há mais de um ano e há menos de dois.

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