Investigadores italianos anunciam descoberta de cabelos de Leonardo da Vinci

“Relíquia” vai ser mostrada esta quinta-feira em Vinci, comuna toscana a que pertence a aldeia de Anchiano, onde nasceu. É a 2 de Maio que se assinalam os 500 anos da sua morte. Como podem estes especialistas garantir que os cabelos são mesmo de Leonardo? É preciso esperar por quinta-feira para saber a resposta.

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Capela de Saint-Hubert
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Túmulo de Leonardo da Vinci no Castelo de Amboise, em França Nuno Ferreira Santos
Meia idade
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Palecete Clos Lucé, onde Leonardo viveu, em Amboise Nuno Ferreira Santos

Neste ano de todas as comemorações, sucedem-se as iniciativas e os anúncios de descobertas relativas a Leonardo da Vinci (1452-1519), o mestre florentino cujos 500 anos da morte são assinalados esta quinta-feira, 2 de Maio, um pouco por todo o mundo. Desta vez, coube a dois investigadores italianos acrescentar mais alguns dados para a fabulosa (e algo misteriosa, também) história do pintor d’A Última Ceia e de Mona Lisa. Num comunicado divulgado esta segunda-feira, Alessandro Vezzosi , director do Museu Ideal de Leonardo da Vinci, localizado em Vinci, e Agnese Sabato, historiadora, professora da Universidade de Florença e presidente da fundação dedicada ao artista, engenheiro e cientista anunciam a descoberta de uma mecha de cabelos de Leonardo numa colecção privada nos Estados Unidos.

“Descobrimos e recuperámos, no outro lado do Atlântico, uma mecha de cabelo de Leonardo”, dizem os investigadores, antecipando que com esta “relíquia extraordinária” irão poder prosseguir o trabalho de investigação que desde há anos vêm realizando junto de descendentes indirectos do pintor que em 2016 identificaram na região da Toscânia.

“Os cabelos de Leonardo” — assim se encontravam identificados na referida colecção — vão ser mostrados pela primeira vez ao público esta quinta-feira, numa sessão na Biblioteca Leonardiana do museu de Vinci, integrada no programa que aí assinala o 500.º aniversário da morte do artista/cientista, que inclui também a inauguração da exposição Leonardo Vive.

A análise do ADN dos referidos cabelos será depois comparada com aquelas que vêm sendo feitas por ambos os investigadores com o ADN dos descendentes do seu pai, Piero, e de um dos seus meios-irmãos, Domenico. Mas também com o dos restos mortais que Sabato e Vezzosi identificaram nos últimos anos em várias sepulturas da região da Toscânia.

Agnese Sabato acredita, de resto, que a investigação do ADN de Leonardo poderá vir também ajudar a resolver a controvérsia sobre a veracidade ou não dos restos mortais do artista, supostamente sepultados na capela de Saint-Hubert, no Castelo de Amboise, junto ao Rio Loire, em França.

Como se sabe, Leonardo da Vinci viveu os seus últimos três anos neste país, para onde foi convidado pelo rei Francisco I, que o alojou no palacete de Clos Lucé, a escassos metros do seu castelo. Foi nesta casa que o autor de d’A Virgem dos Rochedos morreu a 2 de Maio de 1519 (há um quadro famoso de Ingres sobre este momento, com o pintor ladeado por Francisco I que, na realidade, não esteve junto a Leonardo no dia da sua morte). O artista foi inicialmente sepultado na igreja de Saint-Florentin, no perímetro do château, mas este templo foi demolido no início do século XIX, no rescaldo da Revolução Francesa. Escavações realizadas em 1863 permitiram recuperar entre as ossadas umas que, por denotarem uma paralisia do braço esquerdo, foram identificadas como sendo de Leonardo, e sepultadas na capela gótica de Saint-Hubert, noutro lugar do terraço do Castelo de Amboise, onde há hoje um túmulo identificado como sendo de Leonardo da Vinci.

A confirmar-se a expectativa de Alessandro Vezzosi e Agnese Sabato, também estas dúvidas poderão, de facto, vir a ser dissipadas. Resta agora saber que documentação apresentarão estes especialistas como prova, tão irrefutável quanto possível, de que a mecha de cabelo identificada nos Estados Unidos é mesmo de Leonardo da Vinci.

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