PCP esperançado numa “geringonça” espanhola que traga “efectiva mudança”

Apesar da redução quase para metade dos deputados da coligação de esquerda em que participam os comunistas espanhóis, os portugueses lembram que ainda têm “peso” para ajudar numa nova política. Bloco reconhece que derrota da direita e da extrema-direita é “boa notícia”.

Fotogaleria
Jerónimo de Sousa (PCP) LUSA/ESTELA SILVA
Marisa Matias
Fotogaleria
Marisa Matias (BE) LUSA/ESTELA SILVA

A coligação eleitoral Unidas Podemos é um dos derrotados das eleições de domingo em Espanha por ver reduzida a sua representação parlamentar quase para metade, mas, ainda assim, o Partido Comunista Português acredita que o resultado “lhe permite pesar na concretização de uma política que corresponda a uma efectiva mudança”.

A coligação integra a Esquerda Unida (composta pelo Partido Comunista de Espanha e pela Esquerda Republicana), o Podemos e o Equo (ecologistas) e obteve 14,3% dos votos, permitindo-lhe eleger 42 deputados. Actualmente conta com 71. O partido mais votado foi o PSOE, de Pedro Sánchez, com 28,7% e a eleição de 123 deputados.

Em comunicado, o PCP salienta que os resultados “expressam a rejeição do Partido Popular (PP) e seus aliados” e que as “forças de direita e da extrema-direita franquista assumida (PP, Ciudadanos e Vox) tendo-se apresentado de forma fragmentada, não conseguem alcançar a maioria no Parlamento mesmo aglutinadas”.

Os comunistas portugueses fazem as contas à semelhança do que aconteceu em Portugal em Outubro de 2015 e avisam para a evidência de uma “geringonça” espanhola. Recordam que o PSOE, embora aumente a sua votação de 85 para 123 deputados “fica significativamente aquém da maioria absoluta” e é aí que a coligação Unidas Podemos entra num cenário para ajudar a essa “efectiva mudança”, como a classifica o PCP.

O Parlamento espanhol é composto por 350 deputados, o que significa que a maioria absoluta se alcança aos 176. Para isso, porém, tanto os maiores à esquerda (PSOE e Unidas Podemos) como à direita (PP, Ciudadanos e Vox) terão de conseguir ajuda dos partidos mais pequenos. À esquerda, bastaria a ajuda da ERC – Esquerda Republicana da Catalunha, que elegeu 15 deputados.

Boa notícia para o BE

A eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), Marisa Matias, classificou entretanto como uma “boa notícia” a derrota da direita e extrema-direita nas eleições espanholas, mas também se mostrou preocupada com o reforço daquelas forças partidárias.

“Creio que a boa notícia é que a direita em conjunto com a extrema-direita saíram derrotadas e não conseguiram formar uma maioria. Era um risco que estava na iminência de poder acontecer e é um aviso. Na realidade é um aviso àquilo que são os riscos e as ameaças que existem para a democracia, não apenas em Espanha, mas, como estamos já a ver, em toda a Europa”, afirmou.

Marisa Matias falava no Fundão, distrito de Castelo Branco, onde hoje participou numa arruada do BE no mercado semanal local.

“O facto de ter havido uma maioria que se pode ainda constituir para um governo progressista com um acordo à esquerda, creio que acaba por ser uma boa notícia, apesar de tudo e no cenário que estava inicialmente previsto”, acrescentou.

Olhando para o resultado global, a eurodeputada também se mostrou preocupada com o reforço de partidos como o Vox por considerar que estão em causa “forças que representam verdadeiramente uma ameaça” àquilo que se considera fundamental numa democracia. “É apenas o medo, o ódio, mas nenhuma proposta concreta”, apontou.

A dirigente bloquista, que é também candidata às próximas eleições europeias, reiterou que a votação de 10% alcançada pelo Vox “é muito”, quando se está a falar “de forças antidemocráticas” e deixou votos para que em Portugal haja capacidade de não permitir que essa realidade ganhe espaço. com Lusa

Sugerir correcção
Ler 2 comentários