Europa

Novos Activistas da Cultura Europeia: os perigos de deixar a política apenas para os políticos

Depois de um cabeleireiro e um músico, seguem-se uma jornalista e uma comentadora política provenientes da Noruega e da Polónia, respectivamente. Máret Ánne Sara e Angnieszka Wisniewska são activistas nos seus países e sentaram-se para discutir, a propósito da série documental New Activists of European Culture (Novos Activistas da Cultura Europeia, em português), o papel e a influência que a sociedade pode ter junto dos actores políticos que a governa — e o perigo em que esta mesma sociedade incorre quando deixa “a política apenas para os políticos”. Para a actual conjuntura pode ter contribuído, na opinião das intervenientes, a implementação do sistema de democracia liberal vigente que deixou “as pessoas a pensar unicamente nelas próprias” e tornou “muito mais difícil a sua organização e mobilização”. “Existe a ideia de que já está tudo feito.”

A conversa, que decorreu em Lyon, França, oscilou também para o mundo das artes, com Agnieszka Wisniewska a sublinhar a necessidade de trazer a linguagem política para o debate cultural, de forma a suscitar mudanças ainda mais proeminentes. “Neste tipo de debates, os artistas não se conseguem separar dos problemas sociais e os activistas também não se conseguem separar da linguagem dos artistas, que é uma linguagem cheia de emoções.” Máret Ánne Sara tirou ainda proveito da sua experiência como artista para exemplificar a forma como este meio pode ser usado para catalisar energia — “chamar a atenção e quebrar o silêncio” — e agregar toda uma comunidade. “Reúno artistas para participarem na discussão e tento criar redes que cheguem a outras vozes, como os media e os académicos.”

A arte tem também um papel de destaque no terceiro episódio da série do Canal 180 com o We Are Europe, que será igualmente partilhado pelo P3. A pergunta a que Mohamed Jabaly, um cineasta natural de Gaza e com residência na Noruega, e Alistair Alexander, um editor e produtor londrino, se propõem responder é: “Quão importante pode ser a arte durante períodos de conflito?”