Salvador já pesa mais de dois quilos, mas ainda não saiu do hospital

Mãe esteve 56 dias em morte cerebral. Bebé nasceu faz neste domingo um mês no Hospital de São João, no Porto.

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Conferência de imprensa da equipa Hospital de S. João após o nascimento de Salvador NELSON GARRIDO

Ainda não saiu do Hospital de São João, no Porto, o filho de Catarina Sequeira, a atleta que entrou em morte cerebral e esteve ligada a um ventilador para permitir a viabilidade fetal. Estaria no útero, se a gestação tivesse corrido sem sobressalto. Ainda se cansa antes de acabar de beber o leite.

A evolução de um bebé prematuro é variável. “Cada um tem o seu ritmo”, diz a directora do Serviço de Neonatologia do Hospital de S. João, Hercília Guimarães. “Ainda não tem autonomia alimentar. Ainda não consegue tomar o leitinho todo sozinho. Há que ajudá-lo com uma sonda.”

Salvador nasceu faz neste domingo um mês, na madrugada do dia 28 de Março, às 31 semanas e seis dias. Pesava 1700 gramas, o que era “adequado à sua idade gestacional”. Às “36 semanas de idade corrigida”, está um pouco acima dos dois quilos. Só não teve alta por se cansar antes de beber a medida certa de leite e, de vez em quando, ainda precisar de oxigénio. Nada de anormal.

O nascimento estava programado para as 8h00 do dia 29. O parto foi antecipado para as 4h00 da véspera. A respiração da mãe deteriorou-se. E isso punha em causa os padrões de oxigenação do bebé. Pelo menos para já, os médicos não detectam qualquer “mossa”. “Mais uma semana ou duas e deve ter alta”, adianta Hercília Guimarães.

Salvador deverá continuar a ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar, como qualquer prematuro. Há sempre a possibilidade de haver alguma situação que tenha passado agora despercebida e só venha a manifestar-se nos próximos meses ou mesmo nos próximos anos.

Catarina Sequeira estava grávida de 19 semanas quando sofreu uma forte crise de asma e desmaiou na casa de banho. A morte cerebral da canoísta de 26 anos foi declarada no dia 26 de Dezembro. Com a anuência da família e do companheiro, a equipa procurou salvar o bebé, mantendo as suas funções vitais.

A mãe, Fátima Branco, dispôs-se a ajudar a cuidar da criança. A empregada de limpeza, residente em Crestuma, criou nove filhos. Não vai, porém, disputar as responsabilidades parentais com o antigo companheiro da filha, um militar de 25 anos com quem ela vivia havia dois meses.

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