Vox ganha na guerra dos memes no Instagram, Podemos a do Facebook

Partido de extrema-direita replica a nível nacional o método que o catapultou na Andaluzia. Liderança no Instagram é trunfo para chegar aos mais jovens.

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Comício de encerramento da campanha do Vox em Madrid Adriano Miranda/PÚBLICO

Os principais partidos espanhóis disputaram entre si cada seguidor, cada like e cada comentário nas redes sociais, determinados em convertê-los em votos em urna este domingo. Mas na batalha da disseminação de promessas políticas e provocações aos adversários, o Vox, o partido de extrema-direita que se estreia a nível nacional este domingo, gerou três vezes mais buscas no Google que qualquer outro partido espanhol na última semana.

No Instagram, é o Vox que lidera. Segundo o portal Statistica, a formação liderada por Santiago Abascal tinha mais do dobro de seguidores no Instagram a 8 de Abril que do que o Podemos – 231 mil contra 111 mil –, o partido de esquerda que nasceu e se consolidou na Internet, e que em todas as outras redes continua destacado.

“Ser mais consolidado [nas redes sociais] não significa ser mais influente. É verdade [que o Podemos] é o partido com mais seguidores no Facebook, mas no Instagram, a rede mais utilizada pelos jovens entre os 16 e os 24, é o Vox que lidera”, constata ao PÚBLICO Manuel Viejo, jornalista do El País que escreve sobre redes sociais.

Com vídeos curtos, gifs e memes simples e textos que usam linguagem informal e clara, o Vox aposta na espontaneidade e na propositada falta de investimento na edição das suas publicações para espalhar a sua mensagem patriótica e nacionalista no Instagram, para “reconquistar o futuro e a liberdade dos espanhóis”.

“Não gostamos dos ‘podemitas’, dos bolivarianos e dos comunistas. Viemos para representar a Espanha Viva”, realçava-se num dos vídeos do Vox que logrou mais partilhas, muito crítico do Podemos.

Uma fotomontagem recente, partilhada no Instagram e apresentada como um meme “encantador” enviado por apoiantes, comparava um viril e atlético Santiago Abascal, a correr de calções curtos, e um sorridente e descontraído Pedro Sánchez, a pousar para a câmara também vestido com roupas desportivas, mas com umas asas e antenas de borboleta.

Adriano Miranda/Público
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Adriano Miranda/Público

A conta do Instagram do Vox destaca o serviço que os jovens podem e devem prestar à nação espanhola, não hesita em dividir o espectro políticos entre “bons” e “maus” e é recorrentemente acompanhada por temas musicais épicos.

E a “má imprensa” que o partido de extrema-direita tem em Espanha acaba por servir de arma de arremesso populista contra os media tradicionais e a favor da necessidade de um contacto directo com o eleitor, sem intermediários. “O teu voto no Vox a 28 de Abril será um grande golpe contra os meios de comunicação progressistas”, lê-se num meme de qualidade gráfica reduzida.

“Os partidos encontram nas plataformas sociais um meio para poder comunicar com potenciais eleitores sem terem de passar pelo filtro dos jornalistas”, explica Guadalupe Moreno, analista de informação no Statistica. “Mesmo tendo mais limites que os meios de comunicação convencionais, as redes podem ser uma excelente montra de campanha”.

O impacto real deste tipo de publicações junto do eleitorado não é, no entanto, facilmente mensurável. E só pode ser verdadeiramente avaliado após o resultado nas eleições. Até porque em Espanha o Facebook ainda é a rede social mais utilizada – 19 milhões de contas activas, segundo Manuel Viejo.

E aí o Podemos segue bem destacado sobre o Vox, mesmo que este supere, em número de seguidores, alguns dos chamados partidos tradicionais. De acordo com o Statistica, a formação de Iglesias tem 1,3 milhões de seguidores no Facebook e o Vox tem “apenas” 287 mil. Ciudadanos (332 mil), PP (199 mil) e PSOE (166 mil) completam a lista. 

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