Lei de Bases da Saúde divide a esquerda

Para o Bloco de Esquerda as negociações com o PS chegaram a estar fechadas, mas o PCP garante que os assuntos não estão encerrados e que nada estava garantido.

Jerónimo de Sousa
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Jerónimo de Sousa LUSA/NUNO VEIGA
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Catarina Martins LUSA/NUNO VEIGA

A tarde desta sexta-feira foi o momento escolhido pelos partidos da esquerda (PS, Bloco de Esquerda e PCP) para visitar a Ovibeja com a sua chegada a verificar-se quase em simultâneo. Mas logo à entrada do certame os dirigentes dos três partidos divergiram sobre o estado actual da discussão sobre a lei de Bases da Saúde (LBS).

Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda (BE), repetiu quase até à irritação, que as negociações com o Bloco de Esquerda “estavam fechadas” e que o texto final do acordo entre o BE e o Governo “foi enviado” ao partido.

Um pouco diferente foi a versão apresentada por Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, garantindo que “não estava fechado em ponto nenhum” o acordo sobre a LBS, e o ponto da situação continuava a “exigir uma dinâmica de diálogo e de propositura e de conhecimento das disponibilidades dos diversos grupos parlamentares”. Tudo se complicou com a vinda de notícias a público sobre o teor das matérias em discussão entre os partidos da esquerda que “naturalmente não ajudaram” a uma clarificação. E repetiu: “Não há assuntos encerrados na discussão da Lei de Bases da Saúde, não há coisas arrumadas e nada estava garantido.”

Por sua vez Ana Catarina Mendes, secretária geral socialista ficou-se pelo enaltecimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o reconhecimento de que “hoje os portugueses precisam de mais cuidados continuados ou de cuidados paliativos” e sobretudo precisam de ter “segurança no seu Serviço Nacional de Saúde”, lembrando que “foi assim com António Arnaut foi assim com todos os ministros da Saúde de Governos socialistas”.

A líder do Bloco interpreta as contradições que estão e envolver o acordo sobre a LBS com um dado que considera adquirido: “O PS recuou porque terá tido grandes pressões dos grupos económicos” aos quais não conseguiu resistir.

Dadas as suspeições levantadas, o problema agora passa para o primeiro-ministro, António Costa, que “deve ter uma palavra clara neste processo” desafiou Catarina Martins. A dirigente do Bloco diz que ainda é possível aprovar “uma lei de bases à esquerda como a que negociámos” com o Governo, e acredita que “a porta está aberta” para alcançar esse objectivo.

”Espera-se que o Governo não recue”, comenta, reticente, Jerónimo de Sousa, que diz ficar a aguardar que o Governo não se “esconda por detrás da precipitação que existiu e que continue a lutar em prol do SNS geral, universal e gratuito.”

Catarina Martins fica a aguardar que “o Governo e o PS respeitem o processo negocial, indo com ele até ao fim” insistindo novamente: “Fizemos um acordo. Não vamos agora fazer outra coisa qualquer, que desvalorize um acordo à esquerda”, enquanto o líder dos comunistas fica na expectativa de saber se “há primeira dificuldade negocial com a esquerda, o PS foi procurar a convergência com PSD.”

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