Economia dos EUA surpreende e acelera no arranque de 2019

Receios imediatos de abrandamento foram dissipados, mas maior fragilidade no consumo continua a ser causa de preocupação.

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Reuters/LEAH MILLIS

A economia norte-americana registou, no primeiro trimestre deste ano, um ritmo de crescimento superior ao previsto, acelerando para uma taxa superior a 3% ao ano e reduzindo os receios de que o período de mais de 10 anos de expansão possa estar a chegar ao fim.

De acordo com os dados publicados esta sexta-feira pelo Departamento de Comércio dos EUA, o PIB norte-americano apresentou nos primeiros três meses de 2019 uma taxa de crescimento anualizada de 3,2%. Este valor não só representa uma forte aceleração face aos 2,2% registados no quarto trimestre de 2018 como fica bem acima da média das estimativas feita pelos analistas inquiridos pela Reuters, que não passava dos 2%.

Os 3,2% agora conhecidos arrefecem os receios, que se tinham vindo a tornar mais fortes nas últimas semanas, de que a economia norte-americana pudesse, à semelhança do que está a acontecer na Europa, estar a entrar numa fase de abrandamento. Para já, claramente, isso não acontece, o que representa um novo dado para a decisão que a Reserva Federal: ou fazer como tem defendido Donald Trump e parar de subir as taxas para ajudar a economia, ou continuar a retirar o estímulo monetário para evitar o risco de sobreaquecimento.

Vários analistas alertam que, embora o crescimento de 3,2% seja surpreendentemente forte, a forma como foi obtido não anula as dúvidas relativamente à capacidade da economia para manter o seu dinamismo. Uma parte importante do crescimento foi conseguido por via de uma maior acumulação de inventários, algo que, normalmente, pode apontar para uma reversão da aceleração da economia nos próximos meses. Outra parte da explicação esteve no bom desempenho das exportações e abrandamento das importações.

Já quando se olha para o consumo, aquilo que aconteceu foi um abrandamento de uma taxa de crescimento anualizada de 2,5% no quarto trimestre de 2018 para 1,2% no primeiro trimestre de 2019.

É isto, em conjunto com a manutenção de uma taxa de inflação baixa, que faz com que, nos mercados, a reacção tenha sido bastante moderada, com uma descida dos índices accionistas e das taxas de juro dos mercados obrigacionistas, o que significa que a expectativa continua a ser a de um possível abrandamento económico futuro, com manutenção das taxas de juro por parte da Fed.

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