UE condena concessão de passaportes russos a cidadãos ucranianos

Vladimir Putin desafia Ucrânia com lei que visa as regiões separatistsa dos Lestes e oferece restabelecimento das relações bilaterais ao Presidente eleito Zelensky. “Mas não o podemos fazer unilateralmente”, frisa.

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Nova lei é um desafio russo já a pensar em Zelenskii STEPAN FRANKO/EPA

A União Europeia acusou a Rússia de “exacerbar” as tensões com Kiev, após o anúncio de que Moscovo facilitará o acesso a passaportes russos aos habitantes de duas regiões separatistas do Leste da Ucrânia. É um “novo ataque à soberania da Ucrânia pela Rússia”, considerou, num comunicado, a porta-voz de Federica Mogherini, a chefe da diplomacia europeia.

Por outro lado, a UE manifestou “apoio firme” à independência da Ucrânia, pedindo a Moscovo que a respeite, em reacção à nova lei aprovada que que facilita a concessão de cidadania russa aos pedidos feitos por ucranianos que vivem em áreas controladas por separatistas ucranianos.

“A UE continua firme no seu apoio à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia”, salienta a porta-voz da UE para a política externa, Maja Kocijancic. Recordando os protocolos internacionais que levaram ao fim dos confrontos em larga escala no Leste da Ucrânia entre forças leais a Kiev e separatistas pró-russos, Kocijancic afirmou esperar que “a Rússia se abstenha de acções que são contra os acordos de Minsk e [que] impedem a plena reintegração de áreas não controladas pelo governo na Ucrânia”.

Em causa está um decreto assinado na quarta-feira pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin. “O momento de tal decisão, imediatamente após a eleição presidencial na Ucrânia mostra a intenção da Rússia de desestabilizar ainda mais a Ucrânia e agravar o conflito”, lamentou Kocijancic.

O decreto publicado na quarta-feira no portal do Kremlin na Internet indicava que os ucranianos que vivem nas regiões do Leste, em Donetsk e Lugansk, poderão ver os seus pedidos de cidadania russa tratados em menos de três meses. As especulações sobre esta decisão ensombraram toda a campanha eleitoral para as Presidenciais ucranianas, que decorreram no domingo passado, mas tudo indicava que o Kremlin apenas a aplicasse se p ainda Presidente Petro Poroshenk, tivesse vencido.

Poroshenko foi derrotado pelo comediante de televisão Volodimir Zelensky, que deverá ser empossado no próximo mês. Zelensky tinha anunciado como uma das suas prioridades acabar com a guerra com a Rússia, que já matou mais de 15 mil pessoas.

Ao mesmo tempo que surge este decreto, Vladimir Putin – que ainda não congratulou Zelensky pela sua vitória no passado domingo, alegando que os resultados eleitorais ainda não são definitivos – fez saber que está pronto para “restabelecer completamente” as relações com a Ucrânia, desde que tal não aconteça “unilateralmente”.

“Queremos e estamos prontos a restabelecer completamente as nossas relações com a Ucrânia, mas não o podemos fazer unilateralmente”, afirmou o Presidente russo.

Zelensky garantiu que pretende dar continuidade às negociações de paz do Acordo de Minsk, mediadas pela Alemanha, França e Rússia, que têm como objectivo acabar com o conflito no Leste da Ucrânia que desde 2014 fez mais de 13 mil mortos. Apesar de estar formalmente em vigor, o acordo não conseguiu pôr fim aos confrontos, que continuam a fazer vítimas nos dois lados da linha de contacto.

A persistência da guerra no Donbass (Leste da Ucrânia), associada ao empobrecimento da população e à percepção generalizada de que a corrupção atinge toda a sociedade, foram os factores que contribuíram para o descrédito do Presidente cessante.

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