No Oeste a CP apanhou tarde o comboio das reduções tarifárias

Empresa não participou, ao lado das empresas do grupo Barraqueiro, nas negociações com a OesteCIM para a redução das tarifas dos passes. Modo ferroviário é agora mais caro do que o rodoviário.

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Sergio Azenha (colaborador)

Entre Caldas da Rainha e Bombarral uma assinatura mensal de autocarro custava 72,40 euros e para Torres Vedras 124,50 euros. Agora, graças ao Programa de Apoio à Redução Tarifárias nos Transportes Públicos, só custam 40 euros. Mas na CP o passe para aqueles dois destinos continua a custar 50,10 euros e 96,75 euros, respectivamente.

O modo ferroviário era mais barato do que o rodoviário, mas a situação inverteu-se porque a CP não participou nas negociações com a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) na repartição do “bolo” de 1,3 milhões de euros que o governo atribui aos 12 municípios para reduzir o preço dos passes dos transportes públicos.

Em comunicado, a OesteCIM divulgou que teve uma primeira reunião com a CP no dia 17 de Abril, mas já depois de aquela entidade ter reunido e chegado a acordo com as empresas Rodoviária do Tejo e Rodoviária do Oeste (ambas do grupo Barraqueiro) para reduzir o valor dos passes.

OesteCIM e CP têm versões diferentes sobre a ausência da transportadora pública. Esta última diz que não foi contactada pela comunidade de municípios, mas o representante dos autarcas oestinos, Pedro Folgado (também presidente da Câmara da Alenquer) disse que a CP foi contactada, mas não respondeu.

Desde 22 de Fevereiro, o PÚBLICO perguntou várias vezes à transportadora pública se tinha contactado as comunidades intermunicipais em cujas regiões operava com comboios regionais e quais as linhas onde seria expectável uma redução de tarifas, mas a empresa nunca deu respostas esclarecedoras, limitando-se a remeter para a legislação em vigor sobre o PART.

Já no início do ano a própria AMAL (Comunidade Intermunicipal do Algarve) teve dificuldades em contactar a CP para a envolver também nas negociações com operadores de transporte destinadas a reduzir o preço dos passes. O acordo já está fechado com as empresas rodoviárias, mas não com a CP, que naquela região opera com um serviço regional entre Vila Real de Sto. António e Lagos.

20 comboios suprimidos em 20 dias

A nível operacional, a linha do Oeste voltou a ter comboios suprimidos desde o início de Abril, precisamente quando reabriu o troço Caíde – Marco, na linha do Douro, para onde regressaram automotoras que estavam a circular entre Lisboa, Caldas da Rainha e Coimbra. Nos primeiros 20 dias de Abril foram suprimidos 20 comboios, dos quais cinco num só dia.

A CP diz que as supressões “ficaram a dever-se a excesso de imobilizações no parque oficinal de material circulante diesel” e que, em conjunto com a EMEF, está “a desenvolver todos os esforços para minimizar o impacto desta situação, que deverá estar regularizada nas próximas duas semanas”.

A empresa está à espera de, a partir de Maio, colocar a circular comboios eléctricos entre Caíde e Marco (aquele troço reabriu após obras de modernização mas a sua electrificação ainda não está concluída) o que lhe permitirá libertar algumas automotoras a diesel para o Oeste. No entanto, a forte procura de turistas durante o Verão na linha do Douro obrigará a empresa a reforçar a sua oferta naquele eixo, o que poderá criar novamente problemas de gestão de material e as consequentes supressões na linha do Oeste.

Este eixo ferroviário é um dos mais atrasados no plano de investimentos do Governo, Ferrovia 2020. As obras já deveriam estar no terreno desde finais de 2017 para estarem concluídas em Junho de 2020, mas ainda nem sequer foi lançado concurso público. Na melhor das hipóteses, metade da linha (entre Meleças e Caldas da Rainha) só estará modernizada em 2022.

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