Hugo Teixeira abdica do Nacional Absoluto pelos avós

O vencedor da Taça da FPG – que jogaria em casa – é ausência de peso no Montado

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Hugo Teixeira durante a Taça da FPG de Outubro último, em Ribagolfe © FILIPE GUERRA/GOLFTATTOO/FPG

Vi que na lista de inscritos para o Campeonato Nacional Absoluto – Audi, que decorre no campo do Montado, em Palmela, entre quinta-feira e domingo, não estava o nome de Hugo Teixeira, o vencedor da Taça da Federação Portuguesa de Golfe de 2018. Uma ausência tanto mais notória quanto ele é o jogador mais proeminente do Clube de Golfe do Montado, ou seja, o setubalense de 21 anos, 1,3 de handicap, jogaria em casa em busca do seu segundo major interno de amadores. Telefonei-lhe para saber porquê e daí nasceu esta entrevista improvisada. 

É com grande pena que não te vemos a jogar no Absoluto. Afinal, és o último vencedor nos majors de Portugal e, cereja no topo do bolo, jogaria em casa. Que motivos te fazem ficar de fora? 

O meu avô recentemente teve um ataque cardíaco, consequentemente caiu e a cabeça do fémur entrou na anca, o que levou ao seu internamento para recuperar, e voltar tudo ao sítio.  

Mas não podias mesmo competir? Os teus pais não gostariam que o fizesses? O facto de o teu avô ter passado pelo que passou até poderia ser um factor adicional de motivação… 

Sim claro que os meus pais gostavam que fosse, eles inclusive disseram para ir mas, estando de férias esta semana, e tendo possibilidade de levar a minha avó ao hospital, porque ela faz companhia todos os dias ao meu avô para se sentir menos sozinho, assim alivio os meus pais dessa deslocação do trabalho para o hospital levá-la.  

O Clube de Golfe do Montado deve lamentar a tua ausência… 

Sim, todos estavam a contar que fosse jogar, ainda por cima sendo em casa, estavam confiantes numa boa participação. 

Vais aparecer na prova para ver um pouco? 

Vou, tenho os meus companheiros de clube a jogar e vou lá dar apoio porque podem fazer bons resultados principalmente por jogarem em casa.

Hugo Teixeira na posse da Taça da Federação © FILIPE GUERRA/GOLFTATTOO/FPG  

Passaram cerca de seis meses desde que venceste de forma sensacional e surpreendente a Taça da FPG em Ribagolfe. Que memórias guardas? 

É algo que nunca vou esquecer. Foi uma semana única e que guardarei sempre comigo, todo o apoio que recebi foi incrível. Sempre que estou em campo e as coisas correm menos bem, penso sempre nessa semana e acabo por me acalmar. De vez em quando vou reviver os vídeos que os meus colegas me enviaram. 

Apresentaste-te em excelente condição física, musculado, o que até foi motivo de brincadeira entre os elementos do teu clube que estavam em Ribagolfe, pedindo que realçasses os bícepes nas poses para as fotografia com a taça. A preparação física é importante para ti? 

É verdade. Eu trabalhei a minha parte física, os meus colegas brincam sempre comigo por isso, mas é fundamental para  o golfe. Podermos jogar vezes e vezes sem conta e ter o corpo a colaborar é bastante importante e o facto de treinar fisicamente, também me ajuda a manter a técnica relativamente igual mesmo sem treinar muito. 

Venceste a Taça em Outubro, a época aproximava-se do fim, mas este ano não te temos visto nos torneios federativos, nomeadamente no Circuito Cashback World… 

Não tem sido fácil com a faculdade, apesar da vontade de querer jogar ser muita. Há sempre projetos a aparecer e por muito que eu queira mudar as datas para conseguir deslocar me aos torneios torna-se complicado porque os professores nem sempre colaboram. 

O profissionalismo no golfe está fora de questão para ti? 

Não diria que esteja fora de questão mas é algo em que não penso muito. É uma decisão difícil porque a vida de profissional é complicada, como todos sabemos, e acarreta muitas mudanças.  

E fora do golfe, como tem sido a tua vida? 

Está a correr tudo bem, estou no último semestre da licenciatura em Biomédica mas não tenciono ficar por aqui. Hoje em dia quanto mais conhecimento possuirmos melhor e planeio seguir para mestrado já este ano, se tudo correr bem. 

Como é que tudo começou para ti na modalidade e qual foi o teu trajecto até venceres a Taça da FPG? 

Eu desde cedo comecei no futebol, como a maioria dos miúdos começa, e até cheguei a jogar no Benfica, Belenenses, mas depois fui perdendo um bocado o interesse e como também tinha um ligeiro problema no coração  (nada de grave) decidi parar. Até que decidi experimentar jogar golfe, que fica mesmo ao lado da minha casa e adorei! Fui praticando, praticando, comecei a ganhar aquele bichinho pelo desporto e fui jogando torneios. Só que depois a entrada na faculdade reduz um bocado o nosso tempo para treinar e abrandei nos treinos. Mas sempre senti que se treinasse mais afincadamente poderia ganhar um torneio importante e foi o que aconteceu na Taça FPG.   

E agora, o golfe que lugar ocupará para ti? 

O golfe faz parte das minhas rotinas. Embora não consiga jogar sempre, durante os fins-de-semana vou treinar, jogar. Gostava de um dia representar o nosso país mas sei que para isso tenho que treinar mais, o que se torna difícil devido ao facto de estar quase na idade de trabalhar, acabar o curso, etc... mas nunca se sabe o futuro.

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