Com Mamografias por Satélite, Rodrigo Gomes faz sátira à tecnologia

Exposição do vencedor do Prémio Sonae Media Arte de 2017 inaugura-se a 3 de Maio em Lisboa. Tudo teve origem numa história real que aconteceu em São Bartolomeu de Messines.

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A exposição Mamografias por Satélite, de Rodrigo Gomes, que faz uma sátira à condição humana guiada pela alta tecnologia, vai ser inaugurada a 3 de Maio no espaço The Room, em Lisboa.

Rodrigo Gomes, artista vencedor do Prémio Sonae Media Art em 2017, o mais importante nesta área em Portugal, faz uma reflexão, nesta exposição, sobre um futuro em que a tecnologia determina e define os seres humanos.

A exposição, a ser inaugurada às 21h30 de 3 de Maio, fica patente até 31 de Maio e é inspirada numa ideia de televendas em que, através de um registo fantasioso, procura vender uma nova tecnologia de ponta: a das mamografias por satélite, de acordo com um comunicado do artista.

Em 2017, Rodrigo Gomes venceu o Prémio Sonae Media Art com a obra inédita Estivador de Imagens e criou ainda as obras Como Depositar Imagens no Banco (2018) e Jardim Ultravioleta (2018). Em Mamografias por Satélite, o artista cria uma utopia que descreve a chegada a Portugal de “uma tecnologia de ponta chinesa, improvável, única e nunca antes vista no planeta que pretende revolucionar o exame instantâneo via satélite”. “São 230 satélites que incorporam sensores térmicos de alta sensibilidade capazes de detectar a uma impressionante velocidade de 27.000 quilómetros por hora múltiplos seios, debaixo e fora de água e até em cabines telefónicas”, de acordo com a descrição da obra em vídeo.

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Rodrigo Gomes venceu o Prémio Sonae Media Art 2017 Ricardo Lopes

Esta narração parte de uma história real que ocorreu na vila algarvia de São Bartolomeu de Messines, a terra do artista, em 2002. Na realidade, este foi um esquema de burla, fabricado por uma médica, que anunciou o exame como o último grito da tecnologia via satélite. No decurso desta situação, foi dito, a cerca de 60 mulheres da vila, que deveriam, em dia e hora indicadas pela médica, mostrar o peito à janela ou em espaços públicos. Nesse momento, um satélite posicionado sob a vila iria, através do disparo de um laser, captar a imagem e originar um exame de mamografia instantâneo.

Depois foi descoberto que tudo não passava de uma mentira. Isto não antes de a maioria das mulheres contactadas ter acabado por mostrar os seus seios no cimo do Penedo Grande, situado perto da vila. “Fizeram-no ainda em casas de banho públicas, nas janelas das suas casas e até mesmo na única cabine telefónica de Messines, situada em frente ao mercado municipal”, recorda o texto sobre a exposição.

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Still de Jardim Ultravioleta Rodrigo Gomes

Rodrigo Gomes, nascido em 1991, vive e trabalha em Lisboa e o seu trabalho artístico denuncia o interesse pelo cruzamento do vídeo com a escultura e por problemáticas em torno de imagens-ficção que alimentam dispositivos de guerra, de televigilância e publicitários.

Mestre em arte multimédia pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, estudou Arte Multimédia com especificação em Escultura na Universidade de Évora (2012-2015). Estudou ainda arte sonora, através de uma pós-graduação na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (2015-2016). O seu trabalho encontra-se na colecção do Museu Nacional de Arte Contemporânea, colecção Figueiredo Ribeiro e em colecções privadas.

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