Coimbra: mais de 50 músicos interpretam Por este Rio Acima, de Fausto

Jovens músicos juntam-se para interpretar o álbum de 1982 de Fausto Bordalo Dias. Espectáculo tem entrada livre e acontece a 24 de Abril, às 21h30, no Terreiro da Erva, em Coimbra.

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“Por Este Rio Acima”, de Fausto Bordalo Dias, foi editado em 1982 DR

Mais de 50 músicos, dos mais diversos contextos, vão interpretar esta quarta-feira, 24 de Abril, no Terreiro da Erva, em Coimbra, Por Este Rio Acima, álbum de Fausto Bordalo Dias editado em 1982. Na véspera da comemoração do 25 de Abril, a Baixa de Coimbra recebe um concerto nos quais 53 músicos, a maioria jovens, se juntam para interpretar o álbum tido como uma das obras de referência da música popular portuguesa, disse à agência Lusa o director musical do concerto, Buga Lopes.

O espectáculo foi uma das propostas vencedoras da primeira edição do Orçamento Participativo da Câmara de Coimbra, tendo recebido 33 mil euros, referiu o também autor da candidatura. No entanto, a criação começou com um desafio da Rádio Universidade de Coimbra lançado a Buga Lopes, em 2018, para fazer um concerto de tributo ao disco de Fausto, na ocasião do 32.º aniversário daquela rádio.

“Criou-se uma relação muito grande entre músicos e grupos e, no fim do espectáculo, pensámos todos: “Então, e agora? Não vamos deixar isto morrer.” Decidimos criar a figura informal que é o Colectivo de Artistas Independentes [CAIS] de Coimbra e entregámos uma candidatura ao Orçamento Participativo. A partir daí, aumentámos a grandiosidade do espectáculo e passámos a tocar o álbum na íntegra”, contou à agência Lusa o jovem formado em direcção musical e composição.

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Há membros do Coro Misto da Universidade de Coimbra, da Tuna Académica, da Filarmónica de Taveiro e do grupo Há Música na Aldeia, de Miranda do Corvo, para além de jovens que estudam jazz, com formação clássica ou que tocam em bandas de rock da região, salientou Buga Lopes.

“Embora a obra do Fausto seja extremamente icónica, muitos dos músicos a participar no espectáculo são mais novos, estão a dar os primeiros passos e, para eles, é o seu primeiro contacto com a obra”, vincou. Já para o director musical, que nasceu no ano em que o disco foi lançado, Por Este Rio Acima foi um dos primeiros e poucos vinis que teve e que acabou por acompanhar e influenciar a sua carreira.

“É um disco que tem uma identidade muito própria. O disco não está feito só para a música — qualquer pessoa que o oiça fica envolvido na narrativa. Outra coisa que o torna tão especial é que, mesmo na utilização da linguagem tradicional, o Fausto não fez as coisas de uma forma normal e corriqueira”, explica.

Segundo Buga Lopes, o trabalho de arranjo e composição do álbum “foi extremamente cuidadoso”, com “escolhas harmónicas extremamente avançadas, mas que, ao mesmo tempo, tudo é tocado com simplicidade”. “Existe uma fusão entre uma linguagem e um som tradicional com uma sofisticação e uma série de cromatismos que não é comum encontrar neste tipo de música.”

O espectáculo não vai seguir a sequência original do álbum, antes tentar um compromisso entre a sequência do mesmo, a sequência da obra A Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto (na qual Fausto se baseia para Por Este Rio Acima), e aquilo que é necessário para montar “um espectáculo dinâmico”.

Em palco estará uma formação de orquestra clássica, acompanhada de músicos que tocam instrumentos associados à música popular portuguesa, como adufes, guitarra clássica, cavaquinhos e violas braguesas, sem esquecer os instrumentos da região, como é o caso da guitarra de Coimbra e da viola beiroa.

O espectáculo tem início marcado para as 21h30, no Terreiro da Erva, com entrada livre.

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